Estética divina ou opinião própria?

Quem nunca testemunhou ou até mesmo protagonizou uma discussão por questões estéticas? Enquanto as questões são somente “discutidas”, tudo tranqüilo. Mas, o fato é que quando o assunto é “estética”, geralmente as pessoas não trocam ou compartilham idéias – elas guerreiam entre si.

Muitas das discussões quanto à estética são tão ou mais acaloradas do que as discussões envolvendo ética e moral. Talvez uma das razões esteja no fato de que a grande maioria das pessoas não entende as relações entre essas duas áreas e, principalmente, suas distinções. Muitos discutem estética como se fosse ética ou moral. Ou seja, discutem questões subjetivas com se fossem objetivas.

A igualdade pressuposta (e confusa) entre a moral e estética pode ser exemplificada colocando adjetivos morais e éticos em temas estéticos. Observe: “Esse quadro renascentista está ERRADO!” ou, “Essa arquitetura é PECAMINOSA”, “A gravata do pastor é INIQUA”, “O modelo do carro do irmão João é IMPURO; ou, sendo mais positivo, “ESSA cor é SANTA”; “Esse instrumento é “de Deus”, “a estampa da roupa da irmã é VIRTUOSA”.

Para o cristão, a discussão torna-se mais acalorada, porque ele fala “em nome de Deus”. Não são poucas as vezes que, com a mesma força que se combate a fornicação (questão ética, proposicional, clara nas Escrituras), declara-se que uma determinada música (questão estética) não é santa, não é “de Deus”. A questão aqui é “Deus tem um gosto”?, ou, “Qual a estética divina?”, “Deus gosta mais de azul ou branco?”, ou “Qual o estilo musical de Deus?”, “Aonde Deus revelou Seu gosto?”; “Deus tem UM gosto musical?”, “Dois? Três….?; “Existe objetividade no gosto?”

Dentro do campo da estética, o calcanhar de Aquiles no mundo cristão (especificamente o meu, Batista tradicional, regular, conservador…) está na música. Muitos querem criar, digo, determinar um estilo “santo”, “bíblico”. Para muitos, não há espaço para subjetividade na música. Trata-se de uma questão moral somente.

Antes de continuar, preciso fazer alguns esclarecimentos: 1) meu foco aqui está na questão do gosto pessoal e não na adoração coletiva (algo mais complexo). Estou pressupondo, portanto, que a música que escuto na igreja não deve ser necessariamente a mesma e a única da minha vida privada e vice-versa. Sobre essa relação (privado e comunitário) buscarei os princípios na esfera maior (adoração em Israel, por exemplo) pois não temos nas Escrituras palavras diretas sobre a música na vida privada. Bem, não há nada que seja permitido na esfera comunitária que seja proibido na vida privada. Já o contrário é verdadeiro; 2) Minhas críticas serão contra idéias, não contra pessoas. Tomarei uma crítica feita no meu blog por um leitor específico, porém ele será tratado como uma figura representativa, não como indivíduo. Assim como sua crítica será tomada como representando muitas outras pessoas, minha resposta não será pessoal, mas visando todos que são representados pelo meu crítico.

Explico: Em uma das minhas primeiras postagens (Preservando a Santidade na Igreja, parte 2, agosto de 2008) fui criticado por colocar um link de uma banda americana. A razão, diz o comentarista e crítico: “…a música possui um ritmo (rock) que não reverencia nem glorifica a Deus, já que estimula o corpo a movimentar-se e não a mente ao louvor ao Senhor”. Para esse leitor a música “desvia a atenção de Deus”. Na crítica ele ainda fala de “moral, santidade e pureza”.

Para nosso crítico (e muitos outros), o rock (expressão de arte - estética) não reverencia a Deus, é pecaminoso, irreverente, mundano, em outras palavras, é errado – é uma questão ética, moral e, por conseguinte, prescritiva. Entretanto, essa não foi a primeira crítica que ouvi sobre a temática. Contudo, todas as vezes que vejo alguém criticar um estilo musical qualquer (só cito o rock como exemplo, não focalizarei nesse estilo musical específico, nem estou defendendo ou acusando-o), fico esperando as referências bíblicas, as partituras celestiais, ou quem sabe um mp3 com as “Dez Mais” do céu.

A pergunta aqui é: baseado em que alguém diz que Deus não gosta de um determinado estilo musical? Parece que uma das bases do nosso amigo (e de muitos outros) é que, se um estilo musical estimula o corpo, ele está automaticamente condenado. E para ele, estímulo ao corpo parece necessariamente negligenciar a mente.

Algumas considerações como resposta:

1. Há um estímulo nos Salmos ao uso do maior número de instrumentos musicais possíveis. Junta-se a isso, o silêncio de Levítico quanto aos instrumentos musicais. Levítico fala das roupas, da comida, dos dias, das festas, das regras femininas, das doenças, mas não há regras que limitem instrumentos musicais. Além disso, a Bíblia mesmo revelando a origem dos instrumentos (a dinastia cainita - mundana) não os proibiu. É costume usar a origem dos instrumentos para condenar seu uso. Esse, entretanto, não é o critério de Deus.

2. Há uma diversidade de estilos musicais no saltério hebraico. Exemplos: os lagares [8.1], morte para um filho [9.1], corça da manhã [22.1], os lírios [45.1], não destruas [57.1], os lírios do testemunho [60.1], de Jedutum [62.1]…). Hoje não sabemos ao certo que estilos musicais são esses. Mas certamente muitos não gostariam desse “cantor cristão hebreu” diante da sua diversidade de estilos musicais. O que acontece muitas vezes é que se escolhe um estilo e o sacraliza. Ou, demoniza os demais. Não é assim com Deus. Há diversidade de estilos no manual de louvor de Israel.

3. E o que dizer da ordem bíblica direta envolvendo a dança (Sl. 150.4)? Geralmente alega-se que não temos todos os dados sobre a natureza dessa dança. Mas o que não se pode negar é que há “movimento corporal” envolvido no vocábulo hebraico. Se “movimento corporal” em um contexto de “música” não é dança, podemos dar outro nome, mas ainda assim é “movimento corporal” vinculado a “música”.

4. Na crítica que agora rebato, há um pressuposto antropológico (mais grego do que bíblico) de que o estímulo corporal é a priori pecaminoso. Será que a reação corporal é necessariamente pecaminosa? Se meu corpo reage a uma expressão de arte devo reprimi-lo? Ouvir uma bela canção e sentir prazer é pecaminoso? A arte visual não é corporal? A arte gastronômica não é corporal? Chorar não é corporal? Afinal, pode-se fazer ou sentir algo sem que isso tenha vínculo direto com o corpo? Existe realmente uma música que não estimule nosso corpo? Reprimir o corpo é o mesmo que reprimir o pecado? O que é mental, que não é corporal? E as expressões corporais bíblicas vinculadas a adoração como levantar as mãos, por exemplo? E o apelo de Paulo ao uso dos membros do corpo para a santificação.

5. O fato, que muitos não querem aceitar, é que Deus entregou muitas decisões (inclusive éticas) às nossas “consciências”. Há questões em que Bíblia simplesmente não se pronuncia de forma prescritiva. O estilo musical é um exemplo claro disso. Em muitos casos, a Escritura nem incentiva, nem proíbe. Ou seja, há espaço para subjetividade na vida cristã. Essa subjetividade envolve tanto a ética como a estética. A última muito mais por ser subjetiva por natureza.

6. A justificação da arte. Preciso justificar a arte? Para que uma música seja divina ela deve ter uma referência bíblica declarada? Para que um quadro tenha um espaço na sala de um cristão ele deve representar alguma história bíblica? A arte justifica-se por si mesma. Com isso quero dizer simplesmente que não precisamos explicar com um versículo bíblico porque gosto de amarelo e não de preto. Não preciso explicar porque gosto de futebol e de casa de campo? Não preciso explicar porque prefiro surf e não handebol. Eu gosto, só isso – é subjetivo, é pessoal. Deus nos criou assim - uma obra de arte.

7. Não se está justificando todo tipo de arte. Tratar a arte como distinta de ética e moral não é afirmar que não há qualquer relação entre elas. Há sim uma relação entre a arte e a ética ou a moral. Alguns valores morais usam a arte como instrumentos de divulgação. Alguns movimentos artísticos surgiram de pressupostos mundanos. Além disso, todo artista tem uma cosmovisão que aplica e/ou impõe em sua arte. O nú "artístico" é um exemplo extremo disso. Contudo, isso não desqualifica a arte da fotografia ou da pintura. O fato de alguém pregar (arte) contra Deus não desqualifica a arte da pregação ou da oratória.

8. Sobre a acusação de mundanismo surge a pergunta: "Afinal, o que é mundano?" Para muitos, trata-se de tudo que vem do mundo. A implicações lógicas dessa definição devem levar seus adeptos ou a formação de monastérios ou, no caso da grande maioria dos evangélicos, a criação de um "gueto gospel" (e.g., camisa gospel, caderno gospel, lanchonete gospel, ótica gospel,...) . A Bíblia fala de "mundo" tanto positiva (principalmente como uma referência à criação) quanto negativamente. Negativamente "mundo" refere-se "a ordem criada (especialmente de seres humanos e assuntos humanos) em rebelião contra seu criador" (CARSON, D. A. O Comentário de João, p. 123). A questão é: existe um estilo musical mundano "por natureza"? Existe algo inerentemente mal? Rock é mundano por quê? Alguns diriam que os cantores de Rock usam drogas, são bêbados. E o que dizer da literatura? Quem são os grandes escritores? Abrimos a boca com orgulho para dizer que lemos suas obras sem qualquer problema. Aceitamos a arte da literatura, do cinema e até da arquitetura sem buscar a “ficha corrida” dos artistas. E o estilo de sua casa? Que referencial tem? Em que escola de arquitetura ela se encaixa? Que igreja tem uma arquitetura bíblica? Existe isso? Que estilo musical ou instrumento musical foi criado pela igreja de Jesus Cristo? E se foi, quais foram os critérios? E se não foi, é mundano? Para meditação: O que é mais mundano, tomar Coca-cola até não agüentar mais numa “comunhão entre irmãos” ou tomar um cálice de vinho nas refeições? Comer como glutões desesperados e incrédulos ou ouvir uma música que revela as belezas da criação de Deus? Na grande maioria das conversas que tenho com irmãos de várias igrejas, a visão de mundanismo é reduzida por uma micro ética do "não beba", "não escute rock", "não assista novela" etc. Nesse processo de "mundanizar" tudo, negamos muitas bênçãos de Deus. Deixemos que o próprio Senhor nos oriente em Sua Palavra sobre o que deve ou não ser rejeitado.

9. A proibição com cara de espiritualidade é marca dos falsos mestre. Em 1 Timóteo 4.1ss, Paulo fala de ensinos de demônios. Esse ensino era caracterizado pela proibição do que Deus havia criado para ser recebido com ações de graça. Portanto, cuidado com proibições infundadas que imputam mundanismo em práticas não proibidas diretamente pelo Senhor em Sua Palavra. O interessante aqui é que o apelo de Paulo é dirigido à criação de Deus. Em outras palavras, esse mundo não do Diabo, é de Deus. Está afetado pelo pecado, mas é de Deus e há muito nele para ser aproveitado, ou seja, digno de ação de graça. Nas palavras de Michel Horton, "...não é necessário 'santificar' a arte exigindo que ela sirva aos interesses morais e religiosos da igreja. A criação é uma esfera legítima em si mesma" (O Cristão e a Cultura, p.23 - itálico nosso).

Conclusão

Cuidado ao falar em nome de Deus, onde o mesmo não se pronuncia. Em suas discussões, preze pelo que é claro, objetivo e proposicional nas Escrituras. Ela é a nossa prioridade. Contudo, a própria Escritura apela à nossa consciência (subjetivo). Cuidado, pois, em denominar "demoníaco" ou "mundano" o que condenado em sua própria consciência. A jurisprudência da consciência não ultrapassa os limites do indivíduo. Se ela (a consciência) diz que é mundano; é mundano para você - obedeça-a.

Quanto ao estilo musical, muito da chamada música "de Deus" é, na verdade, uma projeção da formação ou do gosto pessoal. E, portanto, deve tratada como pessoal. Se alguém encontrar o estilo musical de Deus; digo, os estilos musicais, avise-me, por favor. Enquanto isso, vou seguindo minha consciência. E você, siga a sua. Nessa questão, evite o julgamento (caso você não tenha "firme convicção") e o desprezo, caso esteja convicto na Palavra (cf. Rm. 14.3, 23). Suportemo-nos uns aos outros.

obs.: Dê uma olhada nos comentário(s) e resposta(s), ele(s) podem ser esclarecedores.

19 comentários:

  1. Olá pastor Romulo,
    Estou postando como anônimo para evitar julgamentos errôneos de minha atitude por parte dos outros, mas logo me identificarei ao Sr.
    Primeiramente é importante salientar que tanto estética não pode ser levado ao âmbito da subjetividade. Existe um padrão estético universal percebido e atestado pelos especialistas daquela área. Existe, para os estudiosos da música, “musica bem feita” ou “musica esteticamente bem composta” e “música mal feita ou mal composta”. A subjetividade está no julgamento dessa estética como “bonito” ou “feio”. Isso também ocorre na literatura, cinema, esportes. P ex. quantas vezes não achei eu um determinado jogador de futebol ruim, mas o comentarista afirma que é bom, pois tal jogador se posiciona bem no campo, tem bom esquema tático, sabe preencher os buracos do campo....Enfim, isso acontece porque meu julgamento foi o que eu acho do jogo dele, mas o comentarista, bem mais capacitado do que eu faz julgamento técnico, profissional da estética do jogo do jogador. Existe um padrão absoluto do que é jogar bem ou mal. Contudo, não quero preconizar que o rock tem sido dito como esteticamente ruim. Jamais alguém falaria isso do Joe Satriane, ou do nosso brazuka Kiko.
    Porém, a questão não fica somente na avaliação estética. No caso da música precisamos admitir que a música transmite uma mensagem em si. Grandes pensadores como Platão e Aristóteles defendiam que a música transmite significado, idéias. O próprio Aristoteles fazia julgamentos de “música que desperta paixões baixas”, além de categorizar “músicas do tipo certo” e “músicas do tipo errado”. E os estudiosos da música também mostram a capacidade de influencia moral da musica na pessoa.
    Enfim, quanto ao Rock, tudo isso pode se aplicar da seguinte forma.
    1) O Rock como estilo musical é tido com algo esteticamente bom, mas que causa sensações QUE PODEM SE TORNAR MORALMENTE INADEQUADAS. Enfatizei isso pois não quero incorrer no erro de dizer que desejo sexual é errado em si, pois em seu lugar adequado é certo. O Rock é um impulsionador sexual. Não falo da letra, mas do rock em si. Isso não é um achismo, mas um fato atestado por especialistas como Chris Stein e Jon Pareles e também pela observação, pois qual é o primeiro nome do lema do rock? “Sexo, drogas e rock and roll.”
    O Rock também transmite agitação. Mais uma vez, agitação não é errada em si, porém, em determinado grau gera a desordem ou violência. Isso é fato observável em shows, e na nossa própria casa.
    2) Bandas de Rock como Oficina G3 utilizam esse ritmo aliados a letras que falam de Deus, de seu reino, de seu plano, de seus atributos e etc...
    Bem, aqui entra algo bem de minha opinião, após ler as Escrituras, e reforçar meu entendimento com homens como Jonatah Edwards e John Piper, aprendi a encarar o falar de Deus de modo bem mais sério. Deus é Santo, Santo, Santo. Ele é digno de total reverencia da nossa parte. Assim, é completamente antagônico, incoerente aliar uma letra que fale de um Deus Santo com um estilo musical que leva à irreverencia, agitação (muitas vezes desordenada, veja os show dessa banda), e que ainda pode gerar impulsos sexuais e rebeldia. Não acho que a música é neutra, por isso, sua mensagem deve estar completamente de acordo com a letra que acompanha.
    3) Assim, penso que o rock se torna moralmente inadequado quando aquilo que ele propõe é inadequado para a pessoa que escuta, para a letra que acompanha ou para o ambiente em que é tocado. Um jovem solteiro não deve receber impulsos sexuais, e nem ser motivado à rebeldia, e nem ser exposto aos perigos que o rock acompanha, como tatuagens, piercings e determinados estilos de roupa que são marcas do mundanismo. Já mencionei quanto a letra, acho completamente incoerente uma música gerar irreverência ao falar de um Deus que exige reverencia. Quano ao ambiente, penso no contexto do igreja, em que não preciso me delongar pois li suas ressalvas.
    4) O Sr disse “fico esperando as referências bíblicas, as partituras celestiais, ou quem sabe um mp3 com as “Dez Mais” do céu.”. Apesar da ironia, penso que a coisa não se resolve tão facilmente assim. Não podemos dizer que o rock é errado em si, mas tenho defendido que ele é completamente inviável quando o assunto da letra é Deus, assim como o forró, o reague, o samba e etc... São ritmos que causam emoções, sensações que não são adequadas à sublimidade do assunto em pauta na letra. Para mim, me cheira a ingratidão e pouco caso quando canto “Nasceu, sofreu, morreu por nós” aos pulos, aos gritos e agitado.
    5) Preciso ressaltar que não estou afirmando que o rock é errado em si. Mas inadequado ao assunto cristão pela sublimidade e seriedade do assunto. Por isso, penso que há outros meios de escutar bom rock, como o citado Joe Satriane, além do inesquecível Hendrix.
    6) O Sr também disse “O que acontece muitas vezes é que se escolhe um estilo e o sacraliza. Ou, demoniza os demais. Não é assim com Deus. Há diversidade de estilos no manual de louvor de Israel.” Isso é verdade. Sacralizar ou demonizar estilos não deve ser feito, porém utilizar todos os estilos também no que tange a Deus também não. O fato dos Salmos utilizarem vários estilos não é base para hoje afirmarmos que também podemos utilizar vários estilos modernos como forro, brega ou rock porque não sabemos como eram os estilos do salmista, mas sabemos os nossos e percebemos a sua inadequação.
    7) Quanto à ordem de dançar, ou do movimento do corpo, eu duvido muito que tal movimento seria irreverente como o são os movimentos que o rock gera. Nos shows as pessoas pulam, se batem umas nas outras, se jogam pra cima e etc...completamente sem a noção da Grandiosidade de Sublimidade do Deus falado na letra. Movimentar o corpo é uma questão de adequação também. Há movimentos adequado para um lugar ou momento que não são a outros. Como p ex, estar diante de Deus e levantar os punhos cerrados quer dizer uma coisa, mas levantar as mãos abertas quer dizer outra.
    8) Penso que ao dizer “não precisamos explicar com um versículo bíblico porque gosto de amarelo e não de preto” o Sr corre para o outro estremo daquilo que ataca. Não é só uma questão subjetiva. A musica transmite idéias objetivas, absolutas. O gosto é o que você pensa dessas idéias. Mas as idéias sempre estarão lá. Se ela transmite uma idéia que não é de boa fama, o Sr já sabe o versículo que a condena.
    9) Quanto ao seu questionamento sobre porque o rock seria mundano, eu afirmo que sabemos, mundano é aquilo que provem do mundo pecaminoso que é contra Deus. Assim, o rock, que é bom em si, pode muitas vezes ser usado de forma mundana, e ele é assim usado quando deseja causar estimulo sexual em quem não deve, rebeldia, desordem e quando está associado à grandeza de Deus pela sua irreverência.

    Agradeço muito a paciência, e espero que jamais leve isso a uma critica a sua pessoa. Sou um grande admirador seu, e um assíduo freqüentador do seu blog. Grande abraço.

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  2. RESPOSTA DE RÔMULO AO PRIMEIRO COMENTÁRIO:

    Em primeiro lugar, VALEU amigo Anônimo!

    Cara, acho que houve um pouco de incoerência em suas declarações. Ora você diz (são várias as vezes) que o Rock “em si não é errado”; mas também diz que a “estética não pode ser levada ao âmbito da subjetividade”. Talvez seu problema seja com a terminologia “objetivo” e “subjetivo”. Você diz que as idéias “estarão lá” (no estilo musical). Onde? Como? Qual a base “objetiva” dessa declaração? Em uma determinada expressão artística há uma potencialidade de “milhares de reações”. Diante de um quadro posso chorar, outros podem rir. O riso não “está lá”, o choro não “está lá”. O que está lá é “potencialidade” de inúmeros sentimentos, lembranças, sensações. Ou seja, é subjetivo. Por isso a música na adoração coletiva é algo altamente complexo, pois deve-se levar em conta todas essas potencialidades. Pensemos em Zuinglio, reformador suíço, tocava instrumento e fundou a orquestra de Zurique. Esse mesmo Zuinglio proibia a música e arte na igreja. Talvez pela complexidade e subjetividade da arte, não sei. É muito complexo a adoração coletiva e a música.

    Quanto ao Rock, não defendi nem o condenei. Isso fica claro no texto. O que condenei foi a falta de bases “objetivas” na condenação de estilos musicais. E penso que seu julgamento quanto ao Rock, o forró e outros estilos, foi “subjetiva”. Observe: Você diz que um estilo musical pode causar “violência”, “sensualidade”, “agitação”. A questão aqui é, causa “em você”. A música que você citou, por exemplo, “nasceu, sofreu…” não causa em mim nenhuma sensação de “sensualidade”, mas “gratidão”, “profunda emoção”, penso na cruz, no amor de Cristo por mim, sou levado ao Calvário. Logo, é “subjetivo”. Você mesmo diz “podem se tornar se tornar moralmente inadequadas”. E eu respondo: e “podem “não” se tornar, vai depender da reação da pessoa (subjetivo)”.

    Mas, pensemos que é certo, comprovado cientificamente (acho que não é a área da ciência, não somos somente células, enzimas, hormônios) que um determinado estilo musical causa a “mesma e exata sensação” em “todas as pessoas sem exceção”. É uma LEI. Pensemos na sensação de “sensualidade”. Qual seria o problema? Bem, seria claramente inadequado na adoração, usada em público…Lembre-se que não tratei de música para adoração coletiva. Isso pode assunto para outro artigo. Mas, se há espaço para sensualidade na vida “privada” das pessoas a música não foi “completamente condenada”.

    Você falou de violência. Quando descrente fui para shows de rock “dos pesados”. Lá encontrávamos pessoas pulando, gritando, se violentando e outras à margem somente “curtindo”, profundamente emocionadas. Mas, pensemos que seja comprovado que sempre que um determinado estilo musical toca, a reação imediata e inerente seja de “agitação” (não necessariamente violência). A pergunta aqui é: há espaço para agitação na nossa vida? O que se precisa quando se está sem vontade de fazer nada? Que tipo de música seria interessante para um exército que se prepara para defender seu povo de um tirano? Bossa nova?

    Quanto a Platão e Aristóteles. Cuidado com “esses caras”. Os pressupostos deles quanto ao corpo são contrários ao conceito bíblico. Eles tinham problemas com os sentimentos. Nas Escrituras Deus é descrito como triste, irado, encolerizado…certamente Platão e sua turma não tomariam tais descrições como virtuosas. Tenho grandes problemas com os gregos e a sua visão de corpo e alma. E nessa questão, às vezes acho que os cristãos são mais platônicos do que cristãos. Esses homens construíram as bases da mentalidade Ocidental e posso ver isso no conceito de espiritualidade de muitos irmãos.

    Em conversa com um amigo, disse que o que acontece é que quando não temos material “objetivo” para julgar, julgamos “subjetivamente”. O problema que trato no artigo é que discutem o “subjetivo” como “objetivo”. Música não é matemática. Ela lida com pessoalidade, individualidade, emoções, sentimentos. Não está no meu controle que tipo de reação alguém vai ter diante de um determinado ritmo. Esse é o problema do povo ocidental, quer controlar e “definir” tudo. O pessoal da lingüística já se conscientizou de que as palavras não “abarcam” nossos sentimentos. Que a turma da música possa entender isso. Não se pode “encarcerar” certos sentimentos a um determinado “ritmo”. Isso é ciências exatas. Quem disse que somos exatos? Somos pessoas.

    Bem, acho que é só! Sei que é uma questão difícil. Mas agradeço de coração. Suas observações enriqueceram o debate. Abração meu “amigo secreto”.

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  3. Esse é o meu pastor!!!!! Rsrs
    Excelente artigo!! (Estética Divina ou Opinião Própria) Que Deus continue te abençoando com muita sabedoria e a cada dia possa usá-lo de acordo com a sua vontade para a glória do seu nome.
    Glórias ao meu Supremo Pastor que te alcançou com a sua graça e misericórdia e te fez instrumento para edificar as nossas vidas.
    Um grande abraço!!
    Sua ovelha babona,
    Germana

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  4. ola pastor,
    adorei seu novo artigo,sempre que posso leio...
    gostei muito da resposta que Sr.deu ao 1º comentario.Agradeço a Deus por ele ter dado a nossa Igreja um pastor tao capacitado...
    um abração!!!!
    camila

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  5. Olá Pastor Rômulo, espero que tudo esteja bem.
    É um ato de coragem e ousadia um Batista Regular falar sobre Estética. Gostei do artigo. Continue.

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  6. Pr. Rômulo,

    Exelentes observações, tanto no "post" quanto nos comentários. Quasi morri de rir quando li a seguinte frase sua: "Que tipo de música seria interessante para um exército que se prepara para defender seu povo de um tirano? Bossa nova?"

    A Igreja de Cristo tem sofrido demais com esses líderes que confundem preferências pessoais com princípios bíblicos. Vamos voltar a pregar "Cristo, e Ele crucificado".

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  8. Acabei de conhecer o blog e já adorei!
    O sr. é um pastor inteligente e esclarecido.
    Frequentarei a página com certeza!

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  9. Obrigado Denise. Fico esperando suas sugestões. Abração!!! Valeu!!!

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  10. pastor muito massa,, esse blog só nos ajuda a entender um pouco mais da palavra, resultando em nosso crescimento.
    Quero pedir para o Pr. q abordasse um tema que acho interessante: sobre a "tatuagem".
    falar sobre qual a postura do cristão em relação a tatuagem...
    se possivel... Jonas Baima

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  11. Gostaria de expressa minha humilde opinião em polcas palavras.
    *Na verdade o que eu acho, e que muitas vezes o que e pecado para um, não e pegado para o outro, claro somente em alguns casos, o mesmo posso fala do que e cento ou errado.
    *O certo e que muitas vezes achamos que estamos no caminho errado que parecia certo.
    *Creio eu que esse debate foi muito bom e que ambos foram usados Por DEUS.

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  12. A Igreja de Jesus necessita urgente de "cabeças pensantes", você é uma delas! parabéns. Deus continue te abençoando.

    Pr. Wanderley Nunes.Belém-pa.

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  13. Sem bajulações, mas confesso que por muito tempo eu esperei uma pregação ou um estudo sobre a música na vida do cristão,algo que fosse sem vicios e sem apelos a libertinagem, que tivesse visão de bíblia mesmo.O Pr. Rômulo foi feliz em ter colocado as idéias em menos de quatro páginas, ser tão preciso e ter conseguido manter a postura em meio a um assunto, que ao meu ver, é o mais polêmico no meio cristão, e parabeniza-lo pela coragem e disposição, logo ele que é um pastos batista regular tradicional conservador.Gostaria que mais crente pensassem assim.
    O que me chamou a atenção, foi ter lido que ninguém tem poder e autoridade pra dizer que um ritmo ou um instrumento desagrada a Deus e por consequência ser pecaminoso, pois são isso é considerado ensino de demônios.
    Muito bom esse artigo e bem coerente, abrangedor, agregador, fortemente argumentado.Graças a Deus o senhor é um pregador que consegue entender de bíblia para vida.


    Miguel Alysson - Igreja Batista de Parquelândia

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  14. faço minhas as palavras do Miguel

    parabens!

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  15. muito interessante as afirmações feitas de ambos os lados, mas até que ponto devemos considerar a opinião propria de preferencia de estilos musicais, sendo mais claro, sabemos que Deus nao especificou "estilos santos" e "estilos mundanos", mas digamos que Ele nos norteou a quais caminhos seguir pra ter um vida santa e que agrada a Deus, e quando esses estilos vão de encontro com algumas advertencias divinas e que através dos "movimentos corporais" induz o regresso ou fere o processo de santificação de cada individuo? dou por exemplo um estilo chamado funk gospel, já assisti alguns videos no youtube e confesso que não me agradou, as letras possuem um cunho evangelico e falam da palavra de Deus como: "quer orar, quer orar, o cristão vai te ensinar" (parodia feita em cima do sucesso do bonde do tigrao), o conteúdo não é lá essas coisas, mas não deixa de ser a palavra, mas como se portar diante deste "estilo" quando o mesmo por caracteristica principal possui "movimentos corporais" que desagradão a Deus segundo a biblia por meio da lascivia, influenciando direta e indiretamente o desejo sexual (fornicação, lascivia, adulterio..., nao que o estilo seja a pratica destas mas a de convir que o mesmo induz a pratica)

    Gálatas 5:19
    Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia

    devemos assim considerar isso uma questao privada, partindo da consciencia de cada um se é pecado ou nao ou atraves das evidencias devemos repudiar, seria este estilo uma exceção da regra>> "Deus nao estipulou estilos que o agradam mais"...

    gostaria de reforçar que nao estou "botando mais lenha na fogueira" aqui dos posts... (rsrsrsrsrsrs) eh mais por uma questao de duvida particular mesmo.

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  16. Oi Pr. Rômulo...
    Obrigado pelo artigo. As questões levantadas são bem atuais, e nos faz pensar acerca daquilo que defendemos como bíblico. Um grande abraço...
    Pr. Herbeson

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  17. Olá Pr. Rômulo
    Foi um grande prazer ler o seu artigo. Quando aessei "arte", em assuntos, não imaginava encontrar algo tão substancial e com ênfase na música.Esta é uma área que me incomoda mesmo e tenho certeza das minhas necessidades de mais leitura nesse assunto. Vi a referência do livro "O Cristão e a Cultura". Seria um bom livro pra começar ou você tem uma outra indicação?
    Que Deus o abençoe!

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  18. Acho que lendo o "Cristão e a Cultura" já seria um começo. Mas vou indicar outro: "Calvinismo" de Kuyper. Pelo título parece tratar-se de salvação, eleição, mas não. Trata de papel do Estado, Igreja e ARTES. Dá um olhada. Valeu. Abração.

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Perfil

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Rômulo Monteiro alcançou seu bacharel em Teologia (Seminário Batista do Cariri – Crato/CE) em 2001; concluiu seu mestrado em Estudos Bíblicos Exegéticos no Novo Testamento (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper – São Paulo/SP) em 2014. De 2003 a 2015 ministrou várias disciplinas como grego bíblico e teologia bíblica em três seminários (SIBIMA, Seminário Bíblico Teológico do Ceará e Escola Charles Spurgeon). Hoje é professor do Instituto Aubrey Clark - Fortaleza/CE) e diretor do Instituto Bíblico Semear e Pastor da PIB de Aquiraz.-CE Casado com Franciane e pai de três filhos: Natanael, Heitor e Calebe.