Soberania de Deus e Responsabilidade Humana. Parte 1: O “silêncio” calvinista e a tagarelice arminiana.

O Silêncio

            Existem temas que não podem ser negligenciados e/ou postergados (mesmo tacitamente) sem que se padeça a pena de ter uma ótica imprecisa ou opaca dos tópicos que os seguem ou os pressupõem. Em outras palavras, tópicos precedem outros em necessidade hermenêutica e, por conseguinte, em importância de apreciação bem como na necessidade de consciência e aceitação[1]. São os temas fundantes; os pressupostos basilares e/ou gerais – aqueles que estão mais “distantes” na rede de crenças.
            As denominadas “doutrinas da graça” ou os “cinco pontos do calvinismo” (os cânones de Dort) não se encontram no final da linha na rede de crenças. Elas são precedidas por dois temas fundantes: a Soberania de Deus (SD) e a Responsabilidade Humana (RH). Responsabilidade no primeiro ponto (depravação total[2]) e soberania nos demais. Nenhum dos dois temas, contudo, recebe tratamento específico nos documentos produzidos na Holanda do século XVII; antes, são simples e conscientemente pressupostos.
            Parte da dificuldade na relação entre a SD e RH se dá quando lidamos com a realidade antes do pecado. Mais especificamente, sobre a relação entre a origem do pecado (o mal) e Deus. Dort (e muitos calvinistas[3] e o próprio Calvino) pressupõe a tensão e o inescrutável. Ele não tem preocupação alguma em apresentar qualquer solução. O que se ver, por exemplo, em textos como Romanos 9.19-20 e a tese do livro de Jó, é que tal postura não somente é indicada nas Escrituras, mas é essencial para a apreciação das ações graciosas de Deus; que existe, sim, uma “fronteira epistemológica” que, uma vez atravessada, gera a cegueira da graça enquanto nos faz perde-se em abstrações arrogantes e destruidoras; que o silêncio não é fruto da fadiga, da desistência frustrante, mas decorre da obediência à revelação. O silêncio doxológico é a resposta devida diante do inacessível e da tensão.
            Nessa primeira parte queremos lidar com o silêncio. Por que escolher “silêncio” e não “mistério”? A expressão é inspirada na cadeia de questionamentos dirigidas a Jó e na pergunta/mandamento em Romanos 9.20. Todos os textos trazem grandes contribuições para a discussão sobre a relação entre SD e RH e problema da origem do mal e em todos eles o silêncio não é somente indicado, é exigido.

Seguem alguns exemplos do chamo de “silêncio calvinista[4]”:

1.      No artigo 14 do 1º capítulo temos: “Ela [a doutrina da divina eleição] deve ser ensinada com espírito de discrição, de modo reverente e santo, sem curiosa investigação dos caminhos do Altíssimo”.

2.      No artigo 18 do 1º capítulo, diante dos possíveis questionamentos, Dort apela para a soberania de Deus citando Romanos 9.20 (Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? “Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?’”) e Mateus 20.15 (“Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?”) e declara: “[...] adorando reverentemente estes mistérios, exclamamos como o apóstolo: Ó profundidade da riqueza [...]” (itálico nosso).

3.      Depois de explicar a regeneração; de como o homem não tem participação nela e ao mesmo tempo assegurar que a vontade humana não é apenas acionada ou movida, mas sob a ação de Deus “torna-se ela mesma atuante”, o documento declara que quando o assunto é a operação de Deus na regeneração, não podemos entender completamente (cf. 3° e 4° capítulo; artigo 13).

4.      No artigo 16 do 1º capítulo temos claramente a responsabilidade humana: “[pessoas que se sentem fracas e sem fé] devem continuar diligentemente no uso desses meios, desejando fervorosamente dias de graça mais abundante e esperando-os com reverência e humildade”.

5.      No artigo 16 do 3º e 4º capítulos temos a soberania de Deus em ação na liberdade humana: “[...] a graça divina da regeneração não age sobre os homens como se fossem máquinas ou robôs, e não destrói a vontade e as suas propriedades, ou a coage violentamente” (itálico nosso). Ele declara, mas não explica a tensão existente. Esse silêncio deixa claro que para Dort não há espaço para especulação filosófica.

Dort, portanto, entende e argumenta em favor do reconhecimento de mistérios não revelados. Pensando no pecado de Adão; da sua responsabilidade e dos seus filhos corrompidos, Dort simplesmente se recusa a dar “um passo para trás” e perguntar “por que o pecado entrou no mundo uma vez que Deus é soberano?”. Ou, “Como Deus pode ser completamente soberano sobre cada decisão humana (como veremos logo mais) e ainda assim cada decisão humana ser realmente responsável?”
Tal postura reflete um documento bem mais antigo – as 97 teses de Lutero (que antecederam as suas famosas 95 teses[5]) onde ele combate a metodologia teológica onde Aristóteles reinava – o escolasticismo. Nas palavras de Lutero (2004, 2:17-18):

Ninguém se torna teólogo a não ser sem Aristóteles [...] Dizer que um teólogo que não é um lógico é um monstruoso herege, é uma afirmação monstruosa e herética. [...] Nenhuma fórmula silogística subsiste em questões divinas [...] Se uma fórmula silogística subsistisse em questões divinas, o artigo sobre Trindade seria conhecido, em vez de ser crido.

            O mesmo pode-se dizer de Calvino. Sobre o porquê Adão não perseverou em obediência, Calvino declara nas Institutas (I.XV.8): “No entanto, por que não quis sustentá-lo com o poder de perseverança, isso está oculto em seu conselho secreto. A nós, realmente nos cabe saber com sobriedade” (negrito nosso).
            Ainda sobre o pecado de Adão, Calvino declara:

Que aqui ninguém vocifere dizendo que Deus poderia ter acudido melhor à nossa salvação, se houvesse impedido a queda de Adão, visto que essa objeção, em vista da curiosidade em extremo ousada que envolve, não só deve ser abominada pelas mentes piedosas, como também pertence ao mistério da predestinação [...][6].
           
            Lidando especificamente com a relação entre o pecado do homem e a soberania de Deus, John Piper em vários momentos entende seus limites. Sobre como o pecado entrou em Satanás, Piper (2015:40) é simples e direto: “[...] não sabemos. Deus não nos contou”. Comentando Provérbios 16.4 (“O Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para o dia do castigo”), diz: “Deus assim agiu de forma misteriosa a fim de preservar a responsabilidade do perverso, e ao mesmo tempo a impecabilidade do seu próprio coração. Devemos nos humilhar se não conseguimos explicar como isso acontece” (2015:47 – itálico nosso).
Michael Horton (2014:64 – itálico nosso) declara em A Favor do Calvinismo:

Não é a soberania de Deus que mantém a liberdade humana aprisionada, mas o pecado. Aqui, também, a teologia confessional Reformada é obrigada a manter juntas duas aparentemente conflitantes: Deus decretou tudo o que vais acontecer, embora isso, de modo algum infrinja na liberdade de suas criaturas. Seria mais fácil, é claro, para intelectos finitos resolver esse dilema na direção ou da autonomia humana ou do fatalismo, mas a Bíblia não dá essas opções. É um paradoxo para a mente humana, e assim permanecerá até mesmo na glória.

O problema do mal (especificamente sua origem) permeia toda essa questão. Como somos responsáveis pelo mal quando o Senhor determina todas as coisas? O problema do mal passa pela explicação da relação entre responsabilidade, liberdade, mal e soberania divina. Frame (2006:105-6 – itálico nosso) faz coro a “postura silenciosa” reformada citada acima:

Visto que o cristianismo é uma revelação de Deus, é de se esperar que inclua algumas coisas que transcendem o nosso entendimento – alguns mistérios insolúveis. Credito que o problema do mal seja um desses mistérios [...]. Alguns teólogos parecem estar dispostos a solucionar o problema do mal [...]. Será que não seria melhor deixar esse problema sem solução, em vez de recorrer a meios tão drásticos?[7] Não haverá um momento em que deveríamos ficar em silêncio e simplesmente acreditar na palavra de Deus?

Sobre a relação entre SD e RH Frame (2006:74 – itálico nosso) declara: “É importante entender a relação entre os dois o mais claramente possível, mesmo que alguns dos seus aspectos seja profundamente misteriosos. Porém, não podemos colocá-los em oposição um ao outro”.
R. C. Sproul (1998:24, 26, 31 – itálico nosso) é direto:

Por anos procurei a resposta a este problema [problema do mal], pesquisando as obras de teólogos e filósofos. Encontrei algumas tentativas inteligentes de resolver o problema mas, até agora, nunca encontrei uma resposta profundamente satisfatória. [...] Adão e Eva não foram criados decaídos. Eles não tinham natureza pecaminosa. Eram boas criaturas com uma vontade livre. Ainda assim, escolheram pecar. Por quê? Não sei. Nem encontrei ainda ninguém que saiba. [...] Não tenho ideia por que Deus salva alguns e não todos. Não duvido por um momento que Deus tenha o poder de salvar todos, mas eu sei que Ele não escolhe salvar todos. Realmente não sei por quê.

Em outra obra Sproul (1997:92) declara: “É possível inventar vários tipos de explicação que talvez impressionem as pessoas pelo seu engenho, mas todos eles têm os seus pontos fracos. A verdade cristã não é promovida pelo raciocínio sofístico arguto”.
N. T. Wright (40, 52, 63– itálico do autor) faz coro ao silêncio. Seguem três citações:

O que nossa tradição filosófica ocidental nos leva a esperar e a buscar é uma resposta a questão: o que Deus pode dizer sobre o mal? Queremos uma explicação, saber o que o mal é, porque ele está presente desde o princípio (ou, pelo menos, quase do princípio), por que teve permissão para continuar existindo e quanto tempo ainda vai durar. Essas questões aparecem na Bíblia, mas, para nossa frustração, não recebem respostas completas e com certeza são respostas que não agradariam aos filósofos da atualidade

Dietrich Bonhoeffer afirma que o pecado fundamental da humanidade foi colocar o conhecimento do bem e do mal acima do conhecimento de Deus. Esse é mais um dos mistérios assombrosos de Gênesis 3: deve existir alguma ligação relevante entre o que entendemos por bem e mal e o que Deus entende, senão, estaríamos realmente na escuridão moral. Ainda assim, serve como aviso para não sermos taxativos ao declarar o que Deus deveria, ou não, fazer.

[A] força personificada do mal, satanás, é importante, mas não tanto. A origem do mal permanece um mistério, e, quando aparece, satanás fica restrito a certos limites. [...] o tempo todo fica evidente a responsabilidade humana pelo mal.

Jonas Madureira (2017:181 – itálico nosso) segue a mesma “estrada misteriosa”: “Fato é que nem a apologética nem a teodiceia são capazes de oferecer qualquer explicação específica sobre a razão de Deus permitir o mal”. Sobre a compatibilidade dessas verdades seguem as palavras de Heber Campos (2001:291): “Não cabe a nós explicar essas coisas no sentido mais profundo, mas cabe-nos afirmar a necessidade do compatibilismo. […] uma ação é livre mesmo que seja causalmente determinada”.
A citação que sintetiza perfeitamente tudo que foi colocado a cima vem de J. I. Packer (1990:17-8): “Para nossas mentes finitas, naturalmente, trata-se de algo inexplicável. Parece-nos uma contradição. […] uma antinomia não é nem dispensável, nem compreensível. […] É algo inevitável e insolúvel. Não a inventamos nem podemos explicá-la”.

A Tagarelice

Entre os arminianos a postura é completamente diferente. Exemplifiquemos com a obra Contra o Calvinismo de 2013 de Roger Olson. Uma de suas críticas a Edwards sobre a relação de Deus com o pecado original é a seguinte: “Edwards em nenhum lugar explica a origem da disposição má de Adão que o tornou culpado, e não Deus” (2013:149). E ainda: “A pessoa não pode abraçar as duas [SD e RH] sem que caia em contradição. Apelar para o mistério não é apropriado” (2013:153 – itálico nosso). E, “Parece que a explicação calvinista está dando voltas, andando em círculos [...]”. O que o “silêncio calvinista” não é uma fuga da problemática, nem fruto da indiferença e do obscurantismo – é obediência à revelação. É convicção exegética (cf. uma análise de Romanos 9 em vídeo).
O papel das implicações ajuda-nos a entender as diferentes metodologias teológicas. Depois de citar uma “implicação lógica” do calvinismo do escritor Jeremy Evans onde esse declara: “Se Deus precisa da criação para exemplificar estas propriedades [justiça, ira], então os humanos podem corretamente questionar se Deus estava livre em Seu ato de criação”; Olson declara: “Claro, poucos calvinistas irão colocar a questão dessa forma, mas é a consequência lógica e necessária’” (2013:147 – itálico nosso). Interessante que o próprio Olson (2013:13) afirma que não podemos confundir as declarações de uma doutrina com suas implicações. Contudo, o próprio Olson critica as implicações (que toma como necessárias) do calvinismo. O que está acontecendo aqui? Olson critica o calvinismo por meio de implicações. Contudo, tais implicações não atingem o calvinismo, pois elas são invasões dos limites que o sistema reconhece (sobre bases exegéticas) e que Olson tem consciência como na citação acima.
Olson (2013:272) faz uma distinção entre contradição e mistério. O primeiro é impossível e o segundo como “algo além da nossa completa compreensão”. Cita como exemplo de mistério a Trindade. Ele entende que existe uma outra categoria – o enigma. Sobre a eleição ele diz “Apelar para o mistério é incorreto; isto não é um mistério, mas um enigma” (2013:278). E ainda: “Não estou contente em deixar a pergunta do ‘por quê’ na esfera do mistério” (2013:97 – itálico nosso).
Assim, aonde os calvinistas param – evitando a “consequência necessárias” de Olson – o arminiano quer continuar aplicando a lógica aristotélica ao sistema calvinista. Entende-se, pois, que o desacordo entre arminianos e calvinista não está somente nas conclusões díspares sobre determinadas temáticas, mas na própria metodologia; ou, sendo mais específico, no campo de estudo. Os arminianos entram em áreas que Dort simplesmente pressupõe (ou seja, não discute) e entende que não devem ser exploradas. Uma delas (creio ser a mais importante) é a relação de Deus com o mal ou a tensão entre SD e RH. O problema é que a metodologia deve ser fruto do texto e não o contrário. O calvinismo não vai além por um motivo simples: o texto sagrado proíbe. Sua metodologia exegética é determinada por uma declaração didática e direta: “Quem é você, ó homem, para questionar a Deus?”.

Continua...




[1] Não necessariamente via apologética e consciência analítica, pois alguns tópicos não podem ser analisados em si, somente aceitos.
[2] A escolha por essa expressão sintética bem como das outras se dá pelo uso constante. Todas as propostas têm suas limitações como toda expressão sintética. “Expiação Limitada” visa revela que o propósito da expiação tinha um número “limitado” de pessoas. “Expiação Eficaz” enfatiza o poder da morte de Cristo. Ambas estão corretas. O verdadeiro sentido de cada ponto só é alcançado debruçando-se sobre todos os cânones e não sobre uma expressão somente.
[3] Exemplos: Charles Spurgeon, Wayne Grudem, Heber Campos, Augustus Nicodemus, J. I. Packer; John Feinberg; John Piper; D. A. Carson.
[4] Numa análise histórica mais rígida, a expressão “calvinismo” surge como uma referência a doutrina da ceia do Senhor. Segundo Alister McGrath (2004:231): “O termo ‘Calvinismo’ parece haver sido introduzido pelo controversista luterano alemão Joaquim Westhal para se referir às perspectivas teológicas e, especificamente, àquelas relacionadas aos sacramentos”. “Calvinismo”, pois, nasce em contraste com “luteranismo”. Ainda segundo McGrath (2004:231), “A introdução do termo ‘calvinista’ aparenta ter sido uma tentativa, da parte dos alarmados luteranos alemães, no sentido de estigmatizar e desacreditar as ideias de Calvino como sendo uma influência estrangeira na Alemanha”. A expressão passa a ser usada de forma específica em suas inúmeras manifestações locais tornando o termo vago. Aqui uso a expressão como equivalente às convicções do Sínodo de Dort ou ao monergismo. Citaremos outros estudiosos que defendem o silêncio, mas não abraçam o sistema com apresentado em Dort (e.g., N. T. Wright). Do outro lado reconhece-se a existência de estudiosos identificados com o calvinismo (ou a teologia reformada) que consideram o apelo ao mistério, o silêncio, o paradoxo, ou a antinomia uma expressão de falsa piedade porque a Bíblia nos revela a origem e o propósito do mal (e.g., Gordon Clark).
[5] Segundo Joaquim Fisher (em LUTERO, 2004:2:13): “Lutero percebeu que a teologia estava acorrentada no cativeiro da escolástica, impossibilitada de articular adequadamente a questão essencial da fé cristã, ou seja, graça e justificação, Deus em seu relacionamento com o ser humano e vice-versa [...] A teologia precisava ser libertada, sobretudo da ‘ditadura’ da Aristóteles. [...] O método teológico alternativo era o do paradoxo”.
[6] Ronald Wallace (2003:197 – itálico nosso) nos lembra que “Era característico de Calvino, em sua submissão à Palavra de Deus, jamais modificar um aspecto claro da verdade revelada, mesmo quando o reconhecimento total dela levava a uma tensão aguda com outros aspectos da Palavra. Alister McGrath (194) descrê assim a visão de Calvino sobre a predestinação: “A predestinação é algo que deveria induzir um senso de temor em nós. O decretum horrible (III.xxiii.7) não significa “horrível decreto”, como uma tradução grosseira, insensível às nuances do latim, poderia sugerir; antes significa um decreto que “inspira temor” ou “terror”.
[7] Uma referência a solução do teísmo aberto.

Dispensacionalista? Eu?

Segue a resposta que apresentei a um colega de ministério que me questionou sobre se deveria ou não se identificar como um dispensacionalista (no caso dele, progressivo) uma vez que esse sistema tem sofrido muito com os já velhos e surrados espantalhos e, por conseguinte, com associações negativas e até grotescas (e.g., duas formas de salvação, antinomismo):
Então, meu amigo, não é a primeira vez que essa questão chega a mim. Outros colegas, alunos, ex-alunos, leitores e gente que acompanha o meu canal fazem coro ao seu questionamento. Daí a razão de pretender publicar minha resposta.
Bem, quando me perguntam sobre que sistema teológico (ST) ou chave hermenêutica (CH) eu abraço, geralmente declaro que simpatizo ou me aproximo do Dispensacionalismo Progressivo (DP). Contudo, já deve ter notado que não gosto de advogar ou “vestir a camisa” de nenhum sistema. Usando o recurso paulino da ênfase – “nenhum sequer”. A razão é simples: nenhum deles explica todos os particulares textuais. Além disso, e não menos importante, em todas as CH´s, a metodologia precede o texto (a ontologia) – sequencia perigosa quando não se tem consciousness do processo. Para mim, o texto (ontologia) é que deve determinar a metodologia de aproximação – não o contrário. Assim, questões como “quem interpreta quem” na relação hermenêutica entre os testamentos deve ser respondida a posteriori e trabalhando caso a caso.
No entanto, eu ainda entendo que a identificação com alguma CH tem suas vantagens. Todos têm seus pontos de partida. E nas minhas lutas com os partilhares textuais “os a priori metodológicos e doutrinários” do DP ainda são os que trazem menos dificuldades. Apesar da Teologia da Nova Aliança (TNA) está perto em questões como lei mosaica, início da igreja... A grande questão que divide DP e TNA não são tanto doutrinárias, mas hermenêuticas – os apriorismos quanto à prioridade hermenêutica entre os testamentos. Aqui minha tendência fica com DP; especificamente a visão de um dos seus grandes representantes – Darrell L. Bock: single meaning, multiple contexts and referents.
Nesse ponto vale uma palavra sobre a natureza da doutrina. Antes, porém, uma breve digressão elucidativa: acredito que existem pontos de contato entre o que chamamos de doutrina e uma CH. Ambas tentam sintetizar os particulares textuais do Grande Livro. A primeira faz um tipo de “corte temático” em toda a Escritura; já a segunda é marcada pela ousadia (atrevimento?) de encontrar o tema unificador de toda Escritura – o mitte. Daí a razão de sermos bem mais firmes na primeira (e.g., Trindade) e menos dogmáticos na segunda. Minha identificação com o DP, por exemplo, está longe de vir acompanhada da mesma convicção com que declaro o credo apostólico.
A obra de Alister McGrath, A Ciência de Deus: uma introdução à teologia científica, foi uma luz para meu entendimento da natureza da doutrina e, por conseguinte, trouxe implicações para minha forma de ver as CH’s (DP, TNA...). Explico: McGrath nos lembra que as doutrinas, assim como as teorias científicas, são, por natureza, reducionistas. Para o teólogo irlandês, criticar as teorias/doutrinas (e diria os ST e as CH´s) de reducionistas é o mesmo que censurar a água por ser molhada. A grande questão, pois, não é se as usaremos ou as buscaremos (pois, na verdade, precisamos delas), mas a como a empregaremos. O ponto dele é que não podemos vê-la como o telos, mas como declarações provisórias. Ou seja, abertas a aperfeiçoamentos futuros.
Dessa forma, meu amigo, se todos nossos amigos teólogos fossem como Sherlock Homes e vissem as CH´s como frutos da abdução e não como explicações definitivas dos particulares textuais, eu não teria problema nenhum em me denominar, sem reservas, um adepto do DP. Em outras palavras, se as vissem como a melhor resposta que temos, contudo, não a única e final e/ou definitiva, seria tranquilo. O problema é que os sistemas, apesar de serem denominados por alguns de “chaves”, para muitos funcionam como verdadeiras correntes hermenêuticas. Como boas chaves, elas deveriam manter o debate sempre aberto – o que infelizmente não é verdade. Quando alguém declara adotar determinada CH, ele fala como quem encontrou o tesouro perdido – “A” Chave. O certo seria ver as chaves como chaves – plural. Elas abrem muito, mas não tudo. Para mim, as chaves devem ser vistas como aperfeiçoáveis. Foi assim, por exemplo, com doutrinas como a da Trindade e da inerrância bíblica. As lutas contra as heresias foram lapidando nossa compreensão e enriquecendo a doutrina.
Pensando especificamente no DP; bem, existem duas tendências comuns e inevitáveis no emprego de expressões que trazem referenciais tanto históricos quanto teológicos como, por exemplo, “teologia reformada”, “calvinismo” e “arminianismo”: a aplicação abrangente ou particularizada demais. Os primeiros geralmente apelam conceitos amplos como identidade histórica; já os últimos escolhem uma doutrina particular como marco definidor. Alguns, apelando para os sine qua non doutrinários do dispensacionalismo (e.g., distinção entre Igreja e Israel) vão dizer que o DP rompeu com a escola. Sinceramente, partindo desse sina qua non (que acho o principal), foi exatamente isso que aconteceu. Para não delongar muito, se existe algo de dispensacionalista no DP são basicamente suas raízes históricas (e.g., origem em Dallas) e algumas doutrinas, práticas e tendências hermenêuticas que não justificariam a permanência na escola. Se essa raiz histórica e os pontos de contato são suficientes para o DP ser digno do “D” que carrega, o próximo parágrafo talvez ajude. Mas já adianto que mudanças terminológicas podem cair no provérbio popular “a emenda ficou pior que o soneto”.
Por fim, uma palavra sobre a expressão “D” em “DP”. Sendo direto, não luto muito por nomes. No mundo pós-babel a linguagem sempre será carregada de ambiguidade. Cada área do conhecimento, por exemplo, tem sua própria linguagem. Contudo, há empréstimos de expressões entre elas. Exatamente por esse quadro marcado pela ambiguidade que o conceito deve ter prioridade de importância sobre as palavras. Entendo que todas as vezes que eu inverto os valores, caio em uma falácia perigosa.
Para fim de ilustração, pensemos na palavra “revelação”. É comum no meio cessacionista (meu antigo mundo e seu mundo atual) evitar o uso dessa palavra em algumas situações. Os missionários e seminaristas dizem e/ou justificam seus ministérios afirmando que receberam um “chamado” de Deus, contudo, evitam, a todo custo, a palavra “revelação”. A falácia nesse caso está em valorizar mais a palavra “revelar” do que o conceito – para mim presente. É um tipo de preciosismo tolo. Ainda pensando na palavra “revelação”, certa vez eu perguntei a um professor meu se ele acreditava em revelação e ele respondeu que sim, “porque não posso deixar de acreditar em regeneração”, disse em tom irônico. Aqui o conceito foi ignorado e trocado por outro que é representado pelos mesmos signos – pela mesma palavra. Um exemplo final: pense na expressão grega símbolo da ortodoxia cristã “homoousios”. Ela já havia sido usada por Paulo de Samosata para defender a ausência de distinção entre o Logos e Deus Pai e poderia muito bem ser usada para defender o monarquianismo modalista. Ou seja, priorize os conceitos e não as palavras. Aqui a dica é: coloque as cartas na mesa.
Em suma, meu amado irmão, alguns nomes podem ser usados, mas nunca tatuados. “Dispensacionalista” é um deles. Abração!


Aquiraz, 05 de janeiro de 2018.

Sala de espera

Silêncio... Tosse... Passos... Folhas de livros rasgando o ar... Revista folheada... Espiro... Suspiros... Copo plástico retorcido… Novos passos...
– Querida, sabe informar se o senhor Realização Momentânea já chegou? – perguntou afobada e por sobre os ombros a recém-chegada na grande e central sala de espera do Centro Comercial Bios.
– A senhora já pegou a senha? – respondeu ríspida a recepcionista sem sequer dirigir o olhar para a senhora Futilidade. “Definitivamente esperar não é para todos; aliás, ainda não fui apresentada a quem espere com alegria”, pensou.
– Entendi. Futilidade sussurrou falando consigo mesma com ar de desprezo enquanto buscava um lugar para assentar-se: “Assistir o esperar dos outros parece que apodreceu os ossos ‘dessazinha’”, pensou.
Ding Dong.
Todos se voltaram automática e ansiosamente para o grande painel eletrônico que informava: Senha G Sala 4.19.
– Finalmente! Levantou-se rapidamente o jovem Libertinagem em direção a sala da doutora Lascívia.
“É sempre assim, dentes acesos na entrada e ombros caídos com o peso do vazio na saída”, pensou a recepcionista enquanto dirigia seu olhar incrédulo e depreciativo para o jovem que abria a porta do consultório estampando o sorriso idiota dos iludidos – prefácio do vazio.
Entre a abertura de uma porta e outra, vez por outra a atenção curiosa da recepcionista se voltava para uma figura destoante e estranha – apesar de comum. Tratava-se de um homem de estatura e porte insignificantes, roupas ordinárias, barba rala, cabelos castanhos, movimentação frugal – camuflado.
“Por que ele me chama tanta atenção?” perguntava a si mesma Desilusão – a recepcionista –, enquanto dirigia um olhar discreto para o homem misterioso. “Ele é tão comum; tão ordinário”. Com a testa enrugada e olhos semicerrados, Desilusão buscava uma explicação decente para seu incômodo mental. “Seriam seus óculos?”. Buscou, numa visão panorâmica, encontrar um elemento desarmônico que a orientasse na busca por sua resposta. Com uma atenção sintética pôde ver na grande sala de espera pessoas roendo as unhas, caminhando em círculos, chorando, gemendo, dormindo... Alguns rostos estampavam sorrisos que apontavam para o nada; outros ostentavam olheiras profundas, ainda havia aqueles que falavam com os espelhos... Percebeu, pela primeira vez, que alguns já estavam mortos – logo comunicou os responsáveis pela retirada dos corpos.
“Já sei”, quase saltou do assento. “Ele é o que está há mais tempo aqui. Pessoas entram e saem, vão e voltam, mas ele; ele nunca entrou em qualquer sala”. Por um tempo esse raciocínio pareceu ser uma explicação viável e satisfatória para a atenção dada a uma figura tão insignificante. Experimentou certo descanso mental.
Ding Dong.
Novamente olhares atentos ao painel da espera. Senha T Sala 4.2.
– Agora vai! Finalmente! – Gritou entusiasta o senhor Cobiça com punhos cerrados socando o ar e aos pulos. Era a décima quinta sala que ele entrava somente naquela semana. “Agora vai” era seu mote. As próximas portas revelariam que o “agora” ainda não chegara.
            Desilusão, com seu ceticismo característico, disse consigo mesma: “Não vai demorar muito. Logo ele sairá com o velho sorriso amarelo e apático que lhe é peculiar. Porém, rapidamente procurará uma nova porta. Que povinho previsível esse! Pra quê profetas se nada há de novo na grande sala de espera?”. A cada entrada Desilusão respirava fundo, olhava semicerrado para o alto com desdém enquanto meneava a cabeça negativamente.
Ding Dong. Senha T Sala 1.8.
Senhora Dubiedade levantou-se; parou, olhou pensativa para a sala 6.4 com a senha M – a sala do senhor Dinheiro; voltou seu olhar para a sala 10.37 – a sala da Família acima de tudo. Alternou o movimento mais umas quatro vezes e voltou a sentar. Depois dirigiu o olhar para mais duas outras salas.
– Senhora Dubiedade, por favor, afinal de contas, a senhora vai entrar ou não? – Gritou Desilusão impaciente.
Silêncio. Olhar perdido. Paralisia. Senhora Dubiedade permanecia estática com mais onze senhas na mão. Ela esperava entrar nas salas da Amizade, do Sucesso no trabalho, da Saúde, da Fama... Já estava ali há anos sem ter entrado em qualquer sala.
– Perdeu mais uma vez senhora Dubiedade!Gritou irada Desilusão. Sinceramente, não sei o que é pior, entrar feliz e sair decepcionado ou não entrar de jeito nenhum. A recepcionista apertou mais uma vez o placar luminoso. Senha P sala 10.28. Era a sala de Realização Momentânea. Futilidade entrou esnobe olhando com desdém por sobre o ombro no alto dos seus 1,50 metros.
Desilusão voltou sua atenção ao homem comum. Percebendo, já há um tempo o interesse da recepcionista, o homem misterioso quebrou o silêncio:
– Lembro-me muito bem quando você estava do lado de cá. O homem tinha uma voz forte, aveludada e quente. Ele folheava um livro velho sobre suas pernas cruzadas; seus óculos redondos repousavam na extremidade do seu longo nariz – a impressão é que estava sempre prestes a cair –, seu olhar, quando dirigido ao livro, dava a impressão de ter seus olhos fechados.
– Está...é...fal...ando...comigo? – gaguejou surpresa Desilusão.
– Quem mais esteve aqui esperando, transitou entre todas essas portas e – com olhos arregalados e acusadores sobre os óculos – desistiu?
Desilusão não sabia o que dizer. Selecionou um blend de mentira e verdade – combinação perfeita para compor um ataque áspero, destrutivo e “eficaz” – e disse:
– Não o conheço, não sei o seu nome, de onde veio; aliás, olhando agora para o senhor percebo que não há nada de interessante que despertasse meu desejo em sua pessoa. Em suma, permaneça em sua insignificância e espere ou morra de esperar como todo mundo.
– A mudança de assunto ou a fuga de uma conversa que busca a verdade é um recurso muito frágil nobre Desilusão. Quanto à minha pessoa, vou ser direto: sou filho do casal e Promessa. Minha dieta consiste de história e esperança; espero pelo que já veio e pelo que não vejo; olho para trás e para frente ao mesmo tempo, contudo, meu olhar é sempre focado. Sou como árvore: cresço para cima e para baixo. Espero pelo que não tenho enquanto aproveito o que me é disponível. Não espero uma porta, mas pela Porta. Alguns dizem que vivo numa tensão. Sim, é verdade. Mas, prefiro dizer que estou no limiar.
Desilusão olhou com desprezo. E balbuciou falando consigo mesma:
– Estou cansada dessa retórica estérea. Mero jogo de palavras.  
Como não viu qualquer sinal de refutação real às suas palavras, o homem misterioso cutucou a recepcionista enquanto olhava para livro com o olhar baixo aparentando indiferença:
– Não ache que por estar na recepção você não espera por algo. Você não é uma espectadora passiva. Ah, isso não é mesmo! Não há criatura que não espere. Toda humanidade está aqui. Isso não muda somente por estar “do outro lado”.
– Cansei de esperar! Interrompeu afobada. É isso! Cansei!
Parou. Pensou. E, em meio tom disse:
– Não que meu cansaço ou descrença fosse o suficiente para querer adentrar a porta da morte antes de receber minha senha – a senha que poucos pedem, mas mesmo assim chega.
– Não pense que podemos medir o tamanho da esperança de alguém por isso. Já vi muitas pessoas indo para a porta da morte sem senha; contudo, estou certo de que tinham mais esperança que você. Os invasores da porta da morte não são todos iguais. Não existe uma única explicação para arrobarem a porta indesejada. E, garanto, a falta de esperança não é a única explicação. Em alguns casos o gatilho é acionado enquanto se espera o melhor. Não é uma questão de se a esperança está ou não presente, mas em sua intensidade e relação com outras virtudes e vícios. Há pessoas sentadas na grande sala que existem – só isso. São mortos vivos. Só esperam a morte. Só. Você é uma delas senhora Desilusão.
 Silencio.
Ding Dong. Senha 1C. Sala 15.55.
Ding Dong. Ding Dong. Ding Dong...
Desilusão, confusa, apertava repetidamente o botão. “Que diabo de porta é essa?”, se perguntava. 15.55? Que número é esse?
O homem comum lentamente levantou-se; fechou os olhos suavemente, respirou fundo enquanto estampava um leve sorriso. Dirigiu-se numa postura ritual a Desilusão fixando firme e amigavelmente nos olhos da recepcionista. Ele estava consciente de que seriam suas últimas palavras. Não argumentou. Simplesmente proclamou:
 – No início só existia uma porta e uma grande e única sala. Nosso primeiro pai a rejeitou. Em rebeldia ele ergueu as primeiras paredes e, desde então, várias salas e portas surgiram tentando usurpar A única Porta e A Grande Sala.
O homem desconhecido pausou entendendo ser necessário a fim de que suas palavras fossem devidamente digeridas. E continuou:
– Percebi seu nervosismo devido a ignorância quanto à denominação da sala da minha senha – sala 15.55.
Aproximou do ouvido de Desilusão e sussurrou:
– Existem mais salas que você ignora. A O Centro Comercial Bios é maior que suas expectativas ou sua percepção das esperanças pobres dos que testemunha todos os dias.
Nova pausa. Desilusão acompanhava atenta. Sofria com o confronto. Cada palavra machucava, mas ainda assim desejava ouvir.
– Não sabe que porta é essa? A 15.55? É sala da morte e da vida; a sala da morte que foi morta pela vida. Você não consegue ver porque precisa passar por outras portas. Entrar em salas que não refletem seus desejos, ansiedades e decepções. Salas criadas para retomar o caminho da Grande Sala. Criadas por uma vontade alheia a sua e a de qualquer pessoa presente na grande sala de espera.
O homem comum retirou do seu livro velho um pequeno papel escrito “Senha R”. Logo em seguida tomou o lugar de Desilusão e assumiu o papel da recepcionista apertando o botão de chamada do grande painel luminoso. O painel revelou: Senha R Sala 1.16.
– Que sala é essa? – retrucou Desilusão.
– É a sala da boa notícia, da satisfação, do contentamento – da plenitude.
– O que tem lá?
– Mais do que desejou para você e menos do que pensou sobre você.
– O que ela diz sobre mim?
– Posso garantir que conhecerá muito sobre você. Contudo, logo saberá que ela não é sobre você. Ela ofensivamente amorosa. Na medida em que você aprecia a beleza da dessa sala, esquecerá de você mesma. Em outras palavras, experimentará uma dose saborosa e doxológica de narcisismo invertido.
– E as outras salas?
– Perderão o brilho. Verá como verdadeiramente são: portas velhas, enlodadas e tombadas que escondem salas sujas, enlameadas e em ruínas. Verdadeiras bocas devoradoras; assassinas de almas como deuses falsos – como as falsas esperanças.
– E a Grande Sala?
O homem apontou para o papel dado a ela e fechou a conversa:
– Senha R, sala 1.16.
O homem simples saiu acompanhado de perto pelo olhar perseguidor de Desilusão. Ela agora sabia porque o homem ordinário chamava tanto sua atenção. Ele sabia pelo que espera. Era sólido – palpável. “Isso faz toda diferença”, pensou. Sua memória foi revigorada e pôde reviver, como em um filme, alguns momentos da vida do homem misterioso na grande sala de espera. No seu filme mental ela pode ver que ele esperava pelo que já podia usufruir. Era real. Ele tinha o sorriso de quem estava na Grande Sala mesmo que ainda não. Não era somente a certeza que fazia a diferença, mas o desfrute antecipado alimentava o vigor no esperar. Sua certeza nascia da realidade experimentada. “Todos esperam”, pensou. “Pelo que espero?”, questionou a si mesma. Olhou para senha presenteada e sussurrou “Senha R, sala 1.16. A boa notícia”.

Perfil

Minha foto
Rômulo Monteiro alcançou seu bacharel em Teologia (Seminário Batista do Cariri – Crato/CE) em 2001; concluiu seu mestrado em Estudos Bíblicos Exegéticos no Novo Testamento (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper – São Paulo/SP) em 2014. De 2003 a 2015 ministrou várias disciplinas como grego bíblico e teologia bíblica em três seminários (SIBIMA, Seminário Bíblico Teológico do Ceará e Escola Charles Spurgeon). Hoje é professor do Instituto Aubrey Clark - Fortaleza/CE) e diretor do Instituto Bíblico Semear e Pastor da PIB de Aquiraz.-CE Casado com Franciane e pai de três filhos: Natanael, Heitor e Calebe.