Ah! que profunda tristeza saudosista jubilosa!

Todos sabem que as palavras têm peso e que trazem, sim, significados. Ou seja, há verdadeira comunicação no uso dos “símbolos lingüísticos” (escritos ou falados). Quem tentou negar isso, contraditoriamente, usou a própria língua para comunicar que não existe verdadeira comunicação. Loucura total!

Apesar de acreditar no poder das palavras para comunicar, sei que elas muitas vezes não abarcam a complexidade das nossas experiências. É como se tivéssemos um tipo de “vácuo lingüístico”. Em outras palavras, “faltam as palavras”. Às vezes isso se dá por que nosso vocabulário é pequeno e pobre, mas, às vezes, a razão é simples: elas não existem.

Essa semana tive uma experiência complexa. Uma mistura de tristeza profunda, amor, saudade e alegria. Então pensei: se alguém me perguntar como estou, o que vou responder? Como chamar isso? Difícil; acho que está no chamado “vácuo lingüístico”. Como não encontrei nenhuma palavra, acoplei três como um só conceito. Chamei meu sentimento de “tristeza saudosista jubilosa”.

Explico: Essa semana um grande amigo, digo, um dos meus irmãos do coração (são pouquíssimos), foi surpreendido por assaltantes. Não tenho os detalhes, pois estou em viagem, mas o que sei é bastante para se concluir que foi uma experiência extremamente dolorosa. Uma arma foi apontada para a cabeça do seu filho. Mesmo nessa condição extremamente crítica de invasão, impotência, ameaça da perca do filho, ele pregou. É isso mesmo. ELE PREGOU A CRISTO.

Foram inúmeras as ocasiões em que pude ouvir ou até mesmo “ver” nos telejornais pessoas em condições semelhantes e até piores à do meu amigo. Fico triste. Mas, geralmente passa. Passa logo. Por quê? Bem, são muitas as respostas possíveis e não me atrevo a responder. Mas por que não me esqueci do meu amigo? Porque continuo a pensar nele? Não tenho todas as respostas, mas me arrisco a responder:

Acho que temos uma ligação de espírito. Se é que essas palavras explicam alguma coisa. O fato é que temos uma relação profunda e extremamente misteriosa ao ponto de que sinto, não exatamente o mesmo que ele sentiu, claro, mas posso me colocar no seu lugar. O sentimento que me sobreveio quando fiquei sabendo da sua experiência foi na verdade uma grande salada sentimental. Fiquei triste, pois mexeram com algo de grande valor para mim. Poderia dizer que mexeram comigo. Fiquei saudoso, pois não pude está lá para dividir as aflições com o meu ouvir, com as palavras e com abraços; e ao mesmo tempo fiquei alegre por seu crescimento espiritual revelado na pregação da Palavra em um ambiente de crise. Ou seja, se alguém quer saber como estou. Eis a resposta: Estou com uma “tristeza saudosista jubilosa”. Foram as palavras que encontrei. Acho que comuniquei. Não tudo, mas comuniquei.

Com lágrimas alegres,

Te amo Arthur Luiz, Francileide e Levi.

Mas, o Senhor vos ama muito mais…vocês são “BIGS”

“…há amigo mais chegado do que um irmão” Pv. 18.24.

Perfil

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Rômulo Monteiro alcançou seu bacharel em Teologia (Seminário Batista do Cariri – Crato/CE) em 2001; concluiu seu mestrado em Estudos Bíblicos Exegéticos no Novo Testamento (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper – São Paulo/SP) em 2014. De 2003 a 2015 ministrou várias disciplinas como grego bíblico e teologia bíblica em três seminários (SIBIMA, Seminário Bíblico Teológico do Ceará e Escola Charles Spurgeon). Hoje é professor do Instituto Aubrey Clark - Fortaleza/CE) e diretor do Instituto Bíblico Semear e Pastor da PIB de Aquiraz.-CE Casado com Franciane e pai de três filhos: Natanael, Heitor e Calebe.