“Que país é esse!?” é o título de uma das músicas mais
emblemáticas de Renato Russo. A expressão tornou-se (ou já era, não sei) um dito sempre acionado pelos
brasileiros diante dos absurdos testemunhados diariamente. Diante do escândalo
do mensalão (execução e julgamento também), por exemplo, é comum ouvir “Que
país é esse?”.
As palavras que seguem visam responder a pergunta-exclamação e ao
mesmo tempo compactuam do espírito crítico do já falecido roqueiro. Dessa
forma, as palavras abaixo tem, sim, um tom negativo. Trata-se do desabafo de um
descontente. No entanto, não temos somente palavras contraproducentes. Creio
que elas podem ser esclarecedoras também.
Sim, não sou bairrista, nem um patriota provinciano do tipo Policarpo
Quaresma. Vejo essas posturas como extremamente perigosas. Elas justificaram e
fundamentaram muitas atrocidades; além disso, nos cega quanto aos nossos
próprios erros, e às virtudes dos outros.
Isso não implica que não amo meu país; só não o idolatro como diz o hino de
Joaquim Osório. As palavras que seguem podem parecer não amigáveis, mas na
verdade são palavras de dor.
Também é importante entender que o texto tem uma mensagem corporativa. Portanto, fala-se de Brasil
de forma geral. Melhor dizendo, o
texto é uma impressão geral do Brasil.
Certamente muitas das minhas críticas podem ser aplicadas
perfeitamente a outros países também. Porém, como minha experiência
transcultural é restrita a veículos indiretos (e.g., livros, internet, vídeos) e
não a uma experiência in loco, prefiro
me referi ao Brasil ao invés de me dirigir ao mundo ocidental ou a Europa, por
exemplo.
Voltando a pergunta: Que país é esse? Respondo descontente: É um país…
…que lê a
história pelos “óculos de Marx” onde sempre os pobres são os coitados e os ricos
os malvados e os opressores. Brasileiro acha que todo pobre é coitado e vítima
do capitalismo. Você deve conhecer muitos pobres que são verdadeiros vagabundos
e muitos anticapitalistas que não estão dispostos a morar na “Cuba do Che”
porque lá não tem peça de reposição para seu Honda Civic nem big mac.
…que tenta consertar
o erro histórico da escravidão desmoralizando e criando uma desconfiança com todos
os alunos e profissionais negros por meio da política de cotas. Ora, a justiça
desejada por muitos é impossível de ser realizada. Nem uma máquina do tempo
resolveria a situação. Embora queira ajudar o negro brasileiro, a política de
cotas consegue piorar sua condição. Enquanto a pergunta “qual é a sua cor?” for
decisiva, o país não terá virado a página.
…que exige que
tudo que é afro e indígena deve ser amado como “nosso”. Ora, somos um povo
misturado. Fico a pensar se realmente existe UMA “cultura brasileira”. O fato é
que índios matam crianças, tem uma culinária ruim [com exceção da tapioca e da
farinha] e suja [existem bebidas à base de cuspe]. Pensando na “cultura afro”,
vamos ser sinceros, as “letras monossilábicas” do “axé afro” são para mentes
ocas e/ou entorpecidas. Desconfio que muitos negros sentem-se pressionados a
gostarem de tudo que é afro, pois, do contrário, estariam negando sua história
e sua cultura. Pergunto: qual o problema com isso? A escravidão, por exemplo, é
marca da história africana também. Como
todos os brancos, todos os negros devem se envergonhar da
escravidão.
Pensando nos índios, muitos dos que lutam pelos direitos deles não
querem abandonar seus ipads e
aparelhos sanitários para viver no mato. É ridículo, e em alguns casos, até
desumano, deixarem os índios em certas condições somente para se ter um “museu
a céu aberto”. Não tenho dúvida de que muitos índios trocariam suas tribos pela
cidade. Alguns não saem, ou porque não conhecem a cidade, ou devido a um estilo
de vida, a convicção (menos mal), ou ainda porque são preguiçosos mesmo. Pense
comigo: se vou morar na Europa e tomo cerveja nos pubs londrinos enquanto discuto a preservação das tartarugas
marinhas e a importância da reciclagem, é porque progredi. Mas, se o índio
deixa sua tribo; é um traidor da sua cultura. Ora, não deveria ser “chique” também
sair do mato?
…que acha que os
índios são inocentes e tem coração puro. Essa é de doer. Alguns veem as tribos
como verdadeiros paraísos. Primeiro, ninguém acredita realmente nisso. Ninguém quer morar com eles. Eu não quero, você
não quer, nem os antropólogos querem
viver em ocas. Segundo, há uma ideia idiota de que a nudez está relacionada com
a inocência. Talvez devido a uma memória bíblica distorcida; não sei. O fato é
que, qualquer analfabeto bíblico sabe que a nudez de Adão e Eva está longe da
dos índios.
…onde pessoas
ficam indignadas com as promessas não cumpridas dos políticos, mas acham o
adultério algo suportável e até aconselhável. No Brasil seria muito mais grave para
mim, se fosse um político, não cumprir minhas promessas de campanha (que não
dependem completamente de mim já que vivemos em uma república e acorrentados
numa burocracia absurda) do que não cumprir promessas que dependem inteiramente
de mim (ser fiel no casamento, por exemplo).
…que é
extremamente burocrático. Além do RG temos o CPF, a RH, Titulo de eleitor,
reservista, cartão do SUS… ad infinitum.
Quem já teve que resolver “pendengas” nos cartórios brasileiros sabe do que
estou falando.
…que orgulha-se
do carnaval. O país que tem orgulho de ser o maior país católico do mundo é o
país que para no começo do ano para uma orgia com a bênção e promoção do estado
e o perdão antecipado da igreja romana. Fico pensando na quantidade de
ambulâncias disponibilizadas para atender jovens bêbados enquanto mulheres grávidas
são colocadas em segundo plano. Além disso, todos sabem que nenhuma mulher pode
andar com seios à mostra nas ruas. Mas, no carnaval, o estado permite tudo
isso, e com cobertura ao vivo pela TV.
…que acha que
todo mundo que foi torturado na ditadura militar é herói. Como bem observa
Leandro Narloch, “[a tortura] deu aos grupos de luta armada um escudo anticríticas” (itálico nosso). Tente
falar bem dos militares; aconselho proteger-se das pedradas. O fato é que a
turma que apanhou era tão violenta quanto (ou até mais) os militares. A
ditadura militar nos livrou da opressão e intolerância tão marcante nos regimes
socialistas e comunistas defendidos por guerrilheiros patrocinados por Stalin.
…que iguala
qualquer lampejo de autoridade com opressão. Pais, professores, policiais e
qualquer “não” são vistos com desconfiança. Muitos dos que apanharam na
ditadura acham que tudo é repressivo. Todos tem dificuldade com fardas,
patentes e hierarquia.
…que iguala
palmada com espancamento. Não há dúvida de que a “lei da palmada” coloca os
pais como reféns dos filhos. Não precisa ser profeta para ver a imundície que
isso vai dar. A invasão do estado é brutal. Além disso, a lei pressupõe uma
inocência nas crianças que não encontramos nem nos contos de fada. Na Suécia, por
exemplo, toda criança é incentivada, diante de uma simples ameaça, a denunciar
os pais. Os efeitos disso nas guardas das crianças de pais separados são
inevitáveis. Como fica o referencial de autoridade? Não fica, morre!
Ainda pensando em criança, no Brasil um cara com 1,80 de altura,
noventa quilos de massa muscular, no final do ensino médio e votante não pode
ser condenado. Pasme, o cara pode matar e quando completar seus 18 anos terá
uma ficha tão limpa quando a de uma criança intrauterina. No Brasil, idade (e não
a gravidade do crime e a consciência do criminoso) é critério absoluto de
julgamento. É menor? Pode fazer. Pode matar. Fica à vontade Joãozinho, você só
tem 15 anos; nem seu rosto nem seu nome vão aparecer. É isso mesmo turma, o
cara pode olhar para a câmera do circuito de segurança, com certeza, e para
tristeza dele, sua imagem não vai aparecer no Jornal Nacional. Ele deve ser
preservado. O endereço do absurdo é Artigo 27 do código penal e Artigo 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Não faz muito tempo que ouvi um retardado afirmando que o Estatuto da
Criança e do Adolescente me proíbe de chamar o cara de “menor”; ou ele é
criança, ou é adolescente. O pior é a explicação: é “opressivo” chamar o
marmanjo de “menor”. Assim, o cara pode assassinar, mas chamá-lo de menor é
opressivo. Que país é esse?
…que acha que é
dever do estado providenciar tudo. Esquece-se
de que quem dá, da comida à saúde; da educação ao gás e impede os pais de
aplicarem home school logo estará
dizendo ao povo no que deve ou não deve crer. “Quem come do meu pirão, prova do
meu cinturão” já diziam os antigos.
…que permite
que eu “encha a cara”, mate várias pessoas atropeladas e não seja obrigado a me
submeter ao teste do bafômetro porque ninguém pode providenciar prova contra
si. Quem inventou e/ou corroborou tamanho absurdo vê tudo à luz da ditadura
militar (especificamente a tortura). Não tenho dúvidas de que muitas leis foram
criadas enquanto seus autores pensavam no pau de arara.
…que crê que
todo crime contra homossexuais é fruto de homofobia. O próprio conceito de
homofobia é ridículo. A ideia é que quem comete violência contra homossexual
não tem sua identidade sexual definida; por isso o violenta. Posso dizer,
então, que todos os idiotas que brigam por seus times não tem bem definido o
time que gostam. É isso mesmo? E quando um homossexual fala mal de um crente é
porque ele não tem sua identidade religiosa definida? É isso mesmo?! Posso
dizer que todo homossexual que comete “evangelicofobia” no fundo quer ser
pastor? Ou, quando critico um político é porque não tenho uma moral definida? Só
um retardado mental aceita isso.
…que a prática
homossexual é fruto da “liberdade colorida” e que todos são “alegres” (gays). Não precisa viver muito para
saber que muitos são extremamente depressivos. Isso me leva a outra
consideração…
…que crer que toda
tristeza do homossexual é causada por preconceito heterossexual. Eles nunca são
fracos; os outros é que são brutos e opressores. Eles nunca são neuróticos, os
outros é que os desprezam exatamente
e somente por serem homossexuais.
Essa questão do preconceito é tão paranoica, que logo estaremos (se já não
estamos) vivendo uma ditadura de neuróticos. Logo logo pessoas estrábicas serão
presas porque olharam de forma estranha para um homossexual.
…que entende
que qualquer discordância intelectual com respeito à homossexualidade é
homofobia. Se eu disser, por exemplo, que a homossexualidade masculina passiva é
prejudicial à saúde, serei considerado um homofóbico. Se eu disser, por
exemplo, que o homossexual só pode ser estuprado por outro homossexual serei
considerado um homofóbico. A lógica me diz que somente um homossexual tem
relação com outro homossexual.
…que entende
como forma legítima de patriotismo escrachar os americanos. Acordem meus
queridos, estamos longe deles. Eles são os maiores, ponto. Esse discurso
antiamericano é tolo. Não estou aqui dizendo que os EUA não têm defeitos. Já
convivi com muitos americanos para saber que a coisa é bem diferente. Mas, comparo
esses “brasileiros antiamericanos” ao cara que comprou um carro popular em 60
prestações e não consegue conviver com a riqueza do vizinho que tem um camaro comprado à vista. Sempre
existiram superpotências. E somos, no máximo, uma nação candidata a potência.
Só.
…que acha que
as conhecidas “celebridades” devem ter algo a dizer sobre tudo. Geralmente são
chamados para a TV para dá opinião sobre aborto, inseminação artificial,
clonagem, moralidade…. No mundo da democracia, do facebook e dos blogs, todo
mundo quer ter uma palavra sobre qualquer assunto. A superficialidade e os
comentários arrepiantes são simplesmente insuportáveis.
Uma breve digressão para falar dos teólogos de blog. Observe que a
maioria não identifica sua igreja local. Desconfio de toda instituição e pessoa
que ignora ou não tem compromisso com a igreja local. Conheço alguns que sequer
podem ensinar em suas próprias igrejas por falta de compromisso, mas são celebrados pela turma da grande rede. Os
caras leem três livros de teologia e falam sobre tudo. Conheço, de cara,
teólogos sem compromisso com igreja local: são vazios, sem misericórdia,
taxativos, cheios de ideias mirabolantes, críticos vorazes e não produzem nada
na vida real – na igreja local. Comparo a meninada que se atreve a escrever
sobre teologia sem ter que prestar contas à igreja local como o aluno que chega
atrasado na sala e quer falar – está fora de contexto.
…onde filhinhos
de papai, nerds jogadores playstation e torcedores de futebol vestem
a camisa estampada com a face de Che Guevara. Não tenho dúvida que Che Guevara
mataria muitos desses idiotas. O ponto aqui não é quem está certo (é claro que
o Che não está), mas a incoerência gerada pela ignorância. Não tenho dúvida de
que Che Guevara só não matou mais pessoas que Hitler porque não tinha a mesma
capacidade intelectual do austríaco (apesar desse só ler material alemão – era
um patriota provinciano).
…que não lê a
Bíblia, mas a considera homofóbica, opressiva e patriarcal. Se todo homossexual
conhecesse um pouco da Bíblia, saberia que o cristianismo não é uma ameaça para
eles. Não porque aprova suas práticas, mas porque preza pela “liberdade
[responsabilidade] da alma”. Não há ameaça em um sistema que nos convida a amar
os nossos inimigos. As feministas de plantão não sabem nada de Bíblia. Aqui vai
o que Deus quer que eu faça pela minha esposa: “Maridos, amai vossa mulher,
como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela…” (Ef. 5.25) e “os maridos devem amar a sua
mulher como ao próprio corpo
(Ef. 5:28). Feministas são mulheres mau amadas. Falta homem no mercado,
sim, mas isso é outro assunto.
…que iguala
intelectualidade com ateísmo (como se ateísmo fosse uma conclusão intelectual e
não moral e/ou existencial). Nas palavras de Pondé “Até os golfinhos conseguem
ser ateus, porque o ateísmo é a visão de mundo mais fácil de ter…”. O fato é que os estudos não nos afastam de
Deus, somente revelam que não é uma questão fácil. Ser ateu na verdade é ser
tapado. Raciocine comigo: dizer que algo não existe pressupõe onisciência. Só
posso dizer que não tem baratas no restaurante X depois de longa investigação. Tenho
que conhecer tudo para dizer que algo não
existe. Toda declaração de ateísmo é uma declaração de divindade. Assim, ou
eles são oniscientes ou imbecis.
…que acredita
que revelar os pecados e os escândalos dos cristãos destruirá o cristianismo. Sinceramente;
é de rir. Deixe-me dizer uma coisa para a turma que está fora da Igreja: Toda
igreja que tem compromisso com as Escrituras está constantemente sendo lembrada
da sua condição de pecado. É costumeiro ter nossos pecados expostos. Paulo,
Pedro, os profetas do AT e o Senhor Jesus nos revelam constantemente quando os
lemos. Todo cristão autêntico está acostumado com críticas e/ou admoestações.
Aliás, posso dizer com segurança que os de fora pegam leve; bem leve. Eles
acham, por exemplo, que adultério é sair com outras mulheres. Sinceramente, eu
posso sobreviver a tal acusação. Isso não me atinge. Mas Cristo nos diz que só
em pensar, cometo adultério. Isso, sim, me atinge. Jesus pega muito mais pesado
que nossos acusadores.
Deixe-me dá outro recado: denominar-nos de “fanáticos” e “loucos”
aumenta nossa alegria. Se a imprensa noticia que um pastor é milionário ou
explora os fiéis, a pergunta que faço é: “Qual é a novidade?” Nós não somente
temos conhecimento disso, como esperamos
por isso. E é a própria Bíblia que gera essa expectativa. Nunca será surpresa
ter um representante do cristianismo envolvido em escândalos. O Supremo Pastor
já nos alertou sobre isso. O fato é que a Igreja nunca acabará.
…que acha que
somente os tapados intelectuais são agentes de preconceito e que todo objeto de
preconceito é sempre vítima. Ora, TODO ser humano é preconceituoso (é instinto
de proteção) e muitas das ditas “vítimas” de preconceito são pessoas supersensíveis
que acham que o mundo gira em torno delas e que todas as palavras e olhares são
contra elas. Outras simplesmente não querem pagar o preço de suas escolhas. Sou
cristão e pastor. Já fui barrado em empresas de crédito exatamente por ser pastor. É o preço. Sei que muitos têm
preconceito simplesmente por proteção. Certamente deve haver uma explicação
histórica para tal atitude. O que não posso é colocar na conta dos preconceituosos
todos os meus fracassos.
…onde ninguém
pode ser chamado de “rolha de poço” ou “dente de nós todos” (já fui chamado
assim) porque é bullying. Não que
seja a favor de bullying; longe
disso; longe mesmo. Nem que seja a favor de expressões pejorativas e
depreciativas dirigidas a indivíduos. Mas a forma
como alguns abordam o assunto poderá nos levar a ser um país de fracos,
hipersensíveis e “deprimidinhos”. O que é interessante é que os caras que
praticam bullying geralmente são
menores. Ou seja, não podemos nem sequer mostrar o rosto ou nomes dos autores e
depois de 18, caso sejam detidos, terão uma ficha limpa.
…onde a palavra
do terapeuta é tão exata quanto à lei da gravidade e a do pastor tem menos peso
que as palavras de uma participante desses realities
shows. Aliás, ser pastor no Brasil é ser ralé. Só aparecemos na mídia para
explicar algum escândalo. E quando pendem a opinião, escolhem os menos
preparados. Fico paralisado como todos podem dá uma opinião: psicólogos,
políticos, escritores, jornalistas, celebrites,
desportistas, carnavalescos, atores, cantores, médicos, músicos, radialistas…Pastores?!
Pastores não. Pastor é ralé.
…que pensa que
todo professor universitário é inteligente. É de rir – de morrer de rir. Tem
mais: os alunos do ensino “superior” acham que são superiores mesmo. Pior: os pais se orgulham dos
diplomas dos seus filhos pelo mesmo motivo.
…que acha que
os EUA devem ter uma política de desarmamento mais rígida. Vamos aos fatos. As
cidades onde os “crimes escolares” aconteceram tinham números baixíssimos de
morte por armas de fogo. Aqui no Brasil qualquer “zé mané” com o um revolver
acha que tem superpoderes. Lá não é assim, pois a todos é dado o direito de ter
“superpoderes”. Se o Brasil aplicasse a mesma lógica com que julga a liberdade
bélica americana para si mesmo seria proibido vender enxada. Se a rigidez na
politica de desarmamento fosse a solução, o Brasil não teria crimes. Se pudesse
escolher, preferiria a liberação de armamento americano do que a rigidez
brasileira. É só saber contar. Onde moro, matam um hoje e deixam dois amarrados
para o outro dia. É guerra civil. Nos EUA as mortes por armas são pontuais (porque
são raras), aqui as mortes são pontuais (porque acontecem todos os dias, com
hora marcada).
…que coíbe (seria
proíbe?) os professores públicos reprovarem seus alunos por uma questão de
estatística. Deixa-me falar uma coisa sobre educação pública (até o ensino
médio pelo menos): ela não presta. Nenhum professor crê nas estatísticas. Não
estou aqui dizendo que pessoas da educação pública não podem crescer
intelectualmente. Não creio que o status
intelectual é determinado por
questões sociais e nem que as escolas são determinantes
para a intelectualidade de alguém. Aliás, acho que o sofrimento é uma ótima
escola.
Ainda pensando em educação; no Brasil educação é também fruto da onda
da terceirização. Seja nas escolas particulares, seja nas públicas, os pais
entregam seus filhos inteiramente à escola. Ela é o álibi perfeito para o
fracasso dos filhos. Vá para uma reunião de pais e mestres ou simplesmente
pergunte aos diretores das escolas: “quem dá mais trabalho, os alunos ou os
pais?”. Hoje o pai entrega seus filhos ao colégio, à natação, ao reforço...
…que vê o
sindicalismo como uma autêntica forma de se buscar o bem-estar dos “oprimidos”.
Boa parte não passa de uma cambada de preguiçosos. Aqui vale lembrar as
palavras do sábio Salomão “Como vinagre para os dentes e fumaça para os olhos, assim
é o preguiçoso para aqueles que o mandam” (Pv. 10:26). E ainda: “O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam
trabalhar”. (Pv. 21:25). O fato é que muita gente tem comido
o “pão da preguiça”.
…que entende
que a universidade é lugar para todos. Ora, nem todos tem a mesma capacidade
intelectual. Você nem sequer precisa saber ler para ter ciência disso. Basta
conhecer duas pessoas. Só. Se hoje as universidades estão cheias não é porque o
brasileiro está mais inteligente, mas é porque o ensino piorou. A prova é que
hoje não basta você dizer que é formado em direito; você tem que dizer que
passou na prova da OAB. E sabemos que são poucos os que passam. O chamado
“sertanejo universitário” revela todo seu nível intelectual com letras
profundas como “tchê tchererê tchê tchê”. Se o universitário está assim, imagina se fosse “sertanejo de creche”.
Não digo “sertanejo do ensino fundamental” porque meu filho de dez anos faria
coisa melhor; além disso, a turma da creche não tem como ficar ofendida em
compará-los com tamanha superficialidade.
…que prega que
o machismo é culpa dos homens como se todos fossem filhos de pais solteiros ou
de chocadeira. Onde estão as mães desses machistas? Caso você ache que sou um
deles, digo que não fui criado pelo meu pai, mas pela minha mãe. Reclame com
ela. Não duvido que algumas feministas diriam que Usain Bolt só é o campeão dos 100 metros rasos por causa da
opressão patriarcal. Deixe-me dizer uma coisa para as mulheres: olhem-se no
espelho. Não somos iguais. Somos diferentes; em virtudes e defeitos. A prova
disso é que ao mesmo tempo em que querem ser tratadas como iguais, querem delegacias
especializadas e gostam de romantismo. Além disso, nunca vi uma mulher se
gloriar de ter um marido “barriga branca”. Se encontrar alguma que se vangloria
disso, pode ter certeza, ela é uma frustrada.
…que acha
progresso vê suas mulheres como mães solteiras e independentes. Usando as
palavras de Luis Felipe Pondé: “mãe solteira só feliz na novela das oito”. Fui
criado por uma mãe solteira. Não vejo nada de sublime nisso. Sugerir um novo
modelo de família e tratá-lo como normal é tolo. Dois homens com uma mulher,
duas mulheres com um homem, homem com homem, filhos de um pai vivendo com outro;
tudo isso pode ser administrável, mas está longe de ser algo “sonhável”. Só os
ouvintes das repetitivas e entorpecedoras frases da maldita autoajuda (geralmente
vinda da boca de artistas superficiais) creem e sonham com isso. Todo filho de
pais separados sabe, no fundo, que foi desconsiderado e que a separação é uma
declaração aberta de incompetência dos seus pais. Não há honra nisso. E se
algum pai diz o contrário, é mentira. O que um pai ou mãe que se separam tem
que fazer é reconhecer o erro; só.
…onde o mico
leão dourado e a arara azul são mais importantes que as crianças e os
presidiários. Sinceramente não acho que a extinção de alguns animais traria
todos os males que muitos “Nostradamus do meio ambiente” preveem. E todo esse
papo de aquecimento global pode pegar aqui no Ceará. Mas vai dizer isso para um
cara que mora na Groelândia ou na Rússia. Se está mais quente em alguns
lugares, está mais frio em outros. Aquecimento global está longe de ser um
assunto resolvido como muito da mídia coloca. Observe o tratamento dado aos
animais e o dado aos presidiários. Não duvido que muitos presidiários hoje
estariam dispostos a dividir a sela com o leão no zoológico de São Paulo. Talvez
sua única dificuldade seria de dividir o celular com o rei da selva. No Brasil,
às vezes é melhor ser árvore ou macaco do que gente. Ainda pensando na relação
homem/animal, têm sido cada vez mais comum reportagens cujos protagonistas são
animais. Nunca pensei que o atropelamento de um cachorro fosse pauta de jornal.
Será que não morreu nenhum ser humano mais digno que um cachorro nesse mesmo
dia?
…que tem como
propaganda para o mundo o traseiro nu de mulheres e ainda sente-se ofendido
quando estrangeiros se aproximam das suas mulheres como prostitutas. Moro em
uma cidade litorânea. Garanto a você que 70 por cento dos turistas estrangeiros
vêm para desfrutar das “belezas naturais” – acho que fui claro. Não conheço e
nunca conheci turista (homem e solteiro) interessado na história e na arquitetura
do Ceará. Podem me chamar que preconceituoso, mas tenho o direito e o dever de
desconfiar de turistas estrangeiros solteiros. Muitos turistas que conheço não
passam de caçadores de tundás.
…onde pode-se
(na verdade, deve-se) gastar mais da metade do salário com bebidas, festas,
orgias, drogas, jogo de futebol, camisas de times; mas, se se doa dez por cento
da sua renda para uma comunidade que acolhe e cuida de sua família, é
fanatismo.
…que diz que
Deus é brasileiro e enche os estádios no
domingo.
…onde o
patriotismo é confundido com torcer pela seleção de futebol. Futebol é um
capítulo à parte no Brasil. Pensa comigo, existe coisa mais tola do que um país
se orgulhar de um esporte? Um país deve se orgulhar da paz, da luta pelo
direito de ir e vir, da sua história de conquistas, da educação dos seus
cidadãos, da luta contra a tirania, etc. Acompanha o meu raciocínio: a maioria
dos nossos desportistas de sucesso costuma testemunhar dificuldades (geralmente
pobreza, desestrutura familiar) de suas vidas. Ora, isso não é um testemunho indireto
contra o país? O fato é que nossos atletas são o que são a despeito da falta de estrutura do país. É aqui que está o glamour. Admiramos muitos atletas exatamente
porque superaram a falta de apoio. O que o estado fez para o Neymar ser o que
é? Nada. O Santos, sim, uma instituição privada, apostou as fichas no garoto. Qual
a participação do estado e cultura brasileira no tricampeonato de Airton Senna?
Nenhuma. A explicação do seu sucesso está em sua família (como no caso do
Neymar também).
Acho que é só… eu
Acho…