Romanos 9-11: uma exegese

1 INTRODUÇÃO.

Quando o assunto é Dispensacionalismo, uma questão fundamental é a identidade e relação entre Israel e a Igreja. A complexidade da temática tem, ao longo de décadas, dividido não somente os dispensacionalistas dos aliancistas, mas dispensacionalistas dos dispensacionalistas[1].

Apesar de reconhecermos que essa divisão não se dá somente porque seus representantes chegam a conclusões diferentes dos mesmos textos, mas porque seguem pressupostos hermenêuticos diferentes (e.g., prioridade interpretativa entre os testamentos, tipologia, cumprimento profético), focalizaremos um dos textos basilares sobre a temática – Romanos 9-11. Isso fará, pois, do estudo que segue uma exegese.

O trabalho visa expor um texto fundamental para a temática – Romanos 9-11, sobretudo o capítulo 11 do verso 1 ao 32. Entende-se que a exegese dessa passagem poderá ser de grande auxílio, se não para resolver definitivamente a tensão entre essas escolas, mas pelo menos para a conscientização que caminho que se segue até chegar às divergentes conclusões. Vamos ao texto!

2 ROMANOS 9-11: UMA VISÃO GERAL.

A despeito do Israel étnico não ser o tópico principal dessa seção, (Antes, temos uma apologia à integridade de Deus) a relação de Israel como nação em contraste com os gentios permeia toda essa longa seção da carta mais teológica do apóstolo aos gentios.

O fato é que Israel como nação e a integridade de Deus tem um relacionamento bem mais próximo do que naturalmente poderíamos idealizar. A história da igreja nos informa que não se delongou muito para que a membresia da igreja tornar-se predominantemente gentia. Desse "quadro étnico" questões teológicas relevantes poderiam e/ou já estariam surgindo em solo romano. Seriam elas: "Porque Israel não está sendo redimido como prometido no Antigo Testamento?"; "Deus mudou sua mente ou voltou em suas promessas?"

A predominância gentílica em contraponto à rejeição judaica aparentemente gerava um conflito entre as promessas de Deus no Antigo Testamento e o Evangelho agora rejeitado por grande número de judeus. Deste modo, o caráter de Deus e do Evangelho poderiam ou já estariam sendo questionados. "De acordo com entendimento típico de um judeu cristão nos dias de Paulo, a história da salvação tinha tomado um rumo não esperado"[2]. Para responder a essa questão, Paulo escreve essa longa seção. "Ele escreve esses capítulos para comprovar a Palavra de Deus para Israel à luz da rejeição generalizada do evangelho por parte de seus contemporâneos judeus"[3].

3 Romanos 9.1-13

De capital relevância aqui temos o sentido do vocábulo "Israel" em toda essa longa seção (caps. 9-11). Seria somente espiritual? Tipológico? Étnico? Político? Nos primeiros versos há uma clara referência étnica. Expressões como "compatriotas" (tw/n suggenw/n mou) no v.3 junto a "irmãos segundo a carne" (kata. sa,rka); assim como a afirmação de que dos israelitas "são os patriarcas, e também deles descende o Cristo segundo a carne" (kata. sa,rka) no v.5 não deixam dúvidas quando ao tom étnico dado pelo apóstolo.

O verso 6 principia a resposta de Paulo às questões citadas acima. Como afirmamos supra, a integridade de Deus é o centro da questão. Deus estava sendo "ameaçado". A essa situação Paulo é categórico: "Não que a palavra de Deus haja falhado". A explicação segue: "Nem todos os que são de Israel são israelitas" (v.6). A defesa da integridade de Deus e Sua Palavra (Evangelho) se dão porque ambas poderiam ser questionadas diante do quadro apresentado nos primeiros cinco versos. Paulo, por conseguinte, não é somente um compatriota sentimental desejoso da salvação dos seus, mas um teólogo-pastor que entende as implicações das suas circunstâncias históricas da rejeição de Israel e sua relação com a integridade de Deus para com suas promessas.

O entendimento do sentido do termo "Israel" tem dividido os estudiosos. Alguns[4] têm crido tratar-se da comunidade messiânica e/ou a igreja composta tanto por judeus quanto por gregos. Uma das razões (se não a principal) para a identificação com a Igreja se dá por que muitas das expressões usadas para a igreja no Novo Testamento são também usadas para Israel no Antigo Testamento.

O caminho trilhado para essa conclusão parece ser o seguinte: o apóstolo Paulo em Romanos 4:1-16 e Gálatas 4.8 nos ensina que os verdadeiros descendentes de Abraão são todos os que crêem independente de sua raça. Além disso, expressões como "judeus", "semente de Abraão", "povo escolhido" no Novo Testamento são aplicadas a todos os que crêem sem qualquer referência étnica específica. Pressuponho que o Novo Testamento tem a prioridade interpretativa sobre o Antigo Testamento, a aplicação desses termos e/ou expressões à Igreja torna-se prioritária.

Pensando especificamente nos vocábulos "judeus", "semente de Abraão", "povo escolhido", Feinberg reconhece quatro sentidos[5]. O primeiro sentido é o biológico, étnico ou nacional. Feinberg ressalta que sem o reconhecimento desse sentido, Romanos 9-11 "torna-se ininteligível"[6]. O segundo sentido é o político. Neste caso pode-se fazer referência às todas as doze tribos, como a nação sob Davi, ou ao reino do norte. A diferença desse sentido para o anterior é que no segundo sentido podemos ter judeus "não-étnicos" incluídos; o que seria impossível no primeiro sentido. O terceiro é o sentido espiritual. Nesse caso, os termos podem ser aplicados a qualquer pessoa ou grupo desconsiderando qualquer background ético. "Semente de Abrão" em Romanos 4 é um exemplo claro desse sentido. O quarto sentido seria o tipológico.

Ambos, dispensacionalistas e reformados, reconhecem todas essas nuanças. A diferença é que os dispensacionalistas "[…] reconhecem múltiplos sentidos de termos como 'judeu', 'semente de Abraão', 'povo escolhido', e insistem que nenhum daqueles sentidos é cancelado ou torna-se irrelevante quando nos voltamos para o NT"[7]. Ou seja, Feinberg acertadamente entende que a questão fundamental é a relação hermenêutica entre os testamentos. Como para os dispensacionalistas o Antigo Testamento não perde a prioridade em relação ao Novo Testamento, ainda podemos entender as expressões "judeus", "semente de Abraão", "povo escolhido" não somente como colocadas em algumas passagens do Novo Testamento. O contexto e não o emprego desses termos em determinado testamento determinará seu significado. Deste modo, "judeus", "semente de Abraão", "povo escolhido" não perdeu seu significado étnico-biológico-nacional para o espiritual e tipológico do Novo Testamento.

A questão aqui é: Se "judeu", "semente de Abraão" e "povo escolhido" pode ser usado no sentido espiritual incluindo todos independentemente de suas raízes étnicas, o mesmo poderia ou deveria se dá com o termo "Israel"? Cremos que não. Em defesa do uso de "Israel" como biológico e/ou étnico como no Antigo Testamento aplicado a Romanos 9-11, sigo o raciocínio de Douglas Moo:

 
(1) Os versos 1-5 estabelecem os parâmetros nos quais o uso de Paulo de "Israel" em Romanos 9-11 deve ser interpretado, e esses versos focalizam o Israel étnico. Em todos esses capítulos Paulo distingue cuidadosamente Israel e judeus de um lado e gentios do outro. Somente onde um apontador contextual claro está presente é que o foco étnico de Israel pode ser abandonado. (2) Paulo explica v.6b em vv.7-13 com exemplos da seleção de Deus do seu povo dentro do Israel étnico. (3) vv. 27-29 […] relaciona-se intimamente com os vv. 6-13 caracteriza citações do AT que focalizam na idéia do remanescente – novamente um grupo existente dentro do Israel étnico. O "verdadeiro Israel" em v.6b, portanto, denota um grupo menor, corpo espiritual dentro do Israel étnico ao invés de uma entidade espiritual que coincidi com o Israel étnico. Paulo não está dizendo "não é somente aqueles que são de Israel quer são Israel", mas "nem todos aqueles que são de Israel são Israel" [8].

John Murray segue Moo ao afirmar "a idéia é que um 'Israel' dentro do Israel étnico"[9]. Cranfiled, seguindo Moo e Murray, aplica o significado proposto ao contexto da passagem que visa defender Deus e Sua Palavra:

Se o plano eletivo de Deus inclui, desde o próprio início, um processo de distinção e de separação até dentro do povo escolhido, então a presente incredulidade de muitos judeus não constitui prova alguma de que esse plano tenha falhado, mas pode ser entendido, antes, como parte de sua elaboração [10].

Robert Saucy reforça:
O ponto da seção inteira é que enquanto a promessa de Deus a Israel pode parecer ter falhado quando alguém olha para a totalidade de Israel, que é predominantemente incrédulo, há um remanescente dentro de Israel, "um 'Israel' dentro do Israel étnico[11].

4 Romanos 9.14-29

Após mostrar que salvação dentro de Israel é uma questão de graça e não de raça por meio de ilustrações nos vv. 7-13, o apóstolo Paulo passa a tratar da justiça de Deus e sua relação com a soberania de Deus na eleição (14-23). Seu "propósito não é oferecer uma explicação de como a soberania e a responsabilidade humana se unem. Ele afirma ambas sem resolver a tensão entre elas"[12]. O verso 24 volta para o assunto dos versos 6-13. Enquanto os vv. 6-13 concentram-se nos patriarcas, os vv. 24-29 enfocam os profetas.

5 Romanos 9.30-10.21

Romanos 9.30 a 10.21 nos ensina que os judeus são responsáveis por sua falta em não se submeter à justiça de Deus em Cristo. De 9.30 a 10.13 é feito o contraste entre dois tipos de justiça: justiça que vem pela fé (9.30) e justiça da justiça da lei (v.31); ou justiça de Deus versus justiça própria (10.3). Toda seção visa mostrar porque o povo de Israel (em grande número) foi excluído da comunidade messiânica. A falha do povo foi buscar estabelecer a justiça pelas obras (9.31, 31a) e "tropeçaram na pedra de tropeço" (vv. 32b-33).

Israel falhou em ver a lei como um fim em si mesmo ou a palavra final. Toda a lei antecipava profeticamente algo maior que já veio: Cristo. Ele é o te,loj da lei (10.4). Os versos 10.14-21, ainda em um tom de acusação para com Israel, afirmam que eles tinham conhecimento, mas não creram. Em suma, o problema de Israel não está com Deus, mas com o próprio Israel.

6 Romanos 11.1-32.

Chegamos ao ponto chave dessa longa seção. O conteúdo do capítulo 11 certamente tem muito a colaborar para um entendimento do papel da nação de Israel no plano de Deus. É fato que todas as questões envolvendo a temática não são respondidas aqui. Por outro lado, temos material suficiente para chegarmos a conclusões determinantes.

    Como vimos acima, 9.30-10.21 revelam o quanto Israel é responsável por sua rejeição ao Messias. O capítulo 11, por outro lado, revela que mesmo assim Deus é fiel para com Sua promessa feita à nação. A evidência desse cuidado pode ser vista nos dias de Paulo visto que Deus estava preservando no presente um remanescente fiel (vv. 1-10) e no futuro traria "todo o Israel" para a salvação (vv. 11-32). Nos vv. 1-6 Paulo evidencia esse cuidado de Deus para com Israel usando ele mesmo e os remanescentes dos dias de Elias como exemplo.

    Nos vv. 1-10 Paulo afirma que o evangelho dividiu Israel em dois grupos: os eleitos e/ou remanescentes (leim/ma) e os endurecidos, excluídos da justiça de Deus (oi` loipoi,). A questão levantada pelo apóstolo agora é: esse estado é permanente e/ou irreversível? A isso Paulo responde: mh. ge,noito (v.11). A rejeição de Israel não é a palavra final de Deus. "O tropeço é admitido, uma queda irreparável não"[13]. O endurecimento um dia será retirado. E "todo Israel será salvo" (v.26). Em suma, "a rejeição de Israel não é total […] nem final […]"[14]. A predominância dos gentios não implica em abandono da nação de Israel visto que os dons de Deus são irrevogáveis (v.29). A questão surge com o intuito de "demonstrar o erro da conclusão que, aparentemente, poderia acompanhar as afirmações antecedentes"[15].

    Por questão de espaço focalizaremos com mais afinco os vv. 11-32 – o futuro de Israel. O contraste entre israelitas e gentios no início do parágrafo (vv. 11, 12, 13) claramente nos leva a conclusão de tratar-se de distinção étnica e/ou identidade racial como em toda a seção.

É de suma importância a identidade da terceira pessoa do plural dos verbos e;ptaisan ("tropeçaram") e pe,swsin ("caíram") no verso 11 bem como os pronomes no plural a eles referentes auvtw/n( auvtou,j nos versos 11, 12, 14, 15. Como estão interligados, exige-se que o sujeito dos verbos bem como os pronomes tenham o mesmo referente. Temos duas possibilidades: Uma alusão "aos endurecidos" (oi` loipoi,) da seção anterior; ou a nação como um todo (perspectiva corporativa) como no verso 7a.

Quando trilhamos unicamente o caminho das relações gramaticais, a princípio somos instigados a crer que tratar-se de uma referência aos "demais endurecidos" (oi` loipoi,) da seção imediatamente anterior uma vez que temos uma seqüência de pronomes dependentes do sujeito verbo evpwrw,qhsan ["foram endurecidos" v.7] na terceira pessoa dos versos 7b até o verso 11 que indicam um único referente plural. Como Israel no v.7a é um substantivo masculino singular, não faria nenhum sentido, pensando na gramática "seca", ser o sujeito subentendido dos verbos da terceira pessoa plural que iniciam a nova seção no v. 11. Seria mais fácil entender que a seqüência de verbos na terceira pessoa a partir do v.11 tem o mesmo referente do anterior; ou seja, os "endurecidos" (evpwrw,qhsan).

Entretanto, nossas conclusões exegéticas não podem depender somente da gramática. O fato é que o "sentido natural" das relações gramaticais supracitados nos leva a conclusões problemáticas no campo soteriológico. Na seção dos vv. 7-10 Israel é divido em duas partes. Ou seja, uma clara referência numérica e/ou individual visto que se trata de um grupo em contraposição a outro – os endurecidos de um lado e os remanescentes do outro. Se os verbos do v. 11 se aplicam a um grupo específico dentro de Israel em um tempo específico (nos dias de Paulo[16]) ficamos com uma especificidade numérica e temporal que não se ajusta às declarações corporativas de todo parágrafo a partir do verso 11 bem como das verdades declaradas. Se temos uma preocupação numérica nos vv. 11ss, somos obrigados a crer que cada judeu não salvo (ou endurecido) dos dias de Paulo não cairá de forma cabal. Ou seja, cada um será salvo.

Por outro lado, não seria um "sacrifício gramatical" aplicar os verbos na terceira pessoa a vIsrah,l do verso 7a, uma vez que se trata de um substantivo de semântica corporativa e/ou plural. O próprio Paulo usa expressão singular mou th.n sa,rka ("meu povo" ARA) em paralelo ao pronome relativo plural auvtw/n no verso 14. No mesmo verso ele usa u`mi/n para os gentios e no v.17 o singular su,. Além disso, como nação, Israel realmente tropeçou, como afirma o verso 11. A presença do remanescente não diminui o quadro trágico da nação judaica como um todo.

Quanto à estrutura, a questão levantada por Paulo no verso 11 não está relacionada aos versos 7b-10 (os endurecidos), mas 7a (Israel). Nas palavras de Moo:

 
A questão nos vv. 11ss, portanto, não é "Pode o endurecido de Israel ainda ser salvo?", mas "Pode Israel como um todo ainda ser salvo?". Como um contraste com os gentios através dos vv. 11-32 sugere, Paulo está pensando principalmente em termos pessoas corporativas, não em termos de indivíduos dentro desses corpos[17].

Ou seja, refere-se ao povo judeu com um todo[18] (11.7a) e não somente ao grupo dos remanescentes endurecidos (11.7b). O tropeço dos judeus teria efeitos salvíficos para os gentios que por sua vez teria efeito salvífico para a própria nação de Israel que terá efeitos nos gentios numa "espiral ascendente". Ou seja, suas bênçãos estão em constante interação e dependência. A restauração dos gentios é de suma importância para os judeus e vice-versa.

O verso 12 traz consigo uma palavra de significado difícil e ao mesmo tempo extremamente relevante – h[tthma[19]. Ela "pode significar 'ser menos', 'ser mais fraco' (do que alguém), 'ser derrotado'"[20]. A quem entenda que ela faz contraste com plh,rwma[21], já outros entendem que o contraste é estabelecido com para,ptwma[22]. O gráfico que segue revela que a relação entre os três vocábulos é inquestionável.

eiv de.         to. para,ptwma      auvtw/n         plou/toj         ko,smou(
kai.          to. h[tthma          auvtw/n         plou/toj         evqnw/n(
      to. plh,rwma        auvtw/n
po,sw/| ma/llon

Alguns, por relacionarem h[tthma com plh,rwma entendem tratar-se de uma diminuição de número [23] (quantitativo); outros entendem que por se relacionar com para,ptwma entendem estar relacionado à "derrota"[24] (qualitativo). Para Murray, por exemplo, "'plenitude' não está apenas contrastando com 'abatimento'[sentido qualitativo], mas também com 'transgressão' [sentido qualitativo[25]]"[26]. Isso o leva a concluir que:

Israel é completado como nação caracterizada pela fé em Cristo, pela obtenção da justiça e pela restauração das bênçãos do reino de Deus, tão fortemente quanto Israel estava caracterizada pela incredulidade, transgressão e abatimento [27].

Stott, entende que não temos apenas uma referência à conversão de Israel [qualitativo], mas também seu crescimento numérico [quantitativo] [28].

Segundo F. F. Bruce:

A "plenitude" (plēroma) dos judeus deve ser entendida como no mesmo sentido da "plenitude" dos gentios (v. 25). A conversão do mundo gentílico em larga escala deve seguir-se da conversão em larga escala de Israel (ver v. 26) [29].

Sobre a relação entre os vocábulos e seu significado, fico com o julgamento de Douglas Moo:

Não precisamos escolher entre as opções qualitativas e qualitativas. Enquanto plēroma provavelmente tem uma denotação qualitativa – "plenitude" – o contexto e o paralelo com o v.25 sugere que "plenitude" é obtida através de um processo numérico[30].

    Nos vv. 13 e 14 temos uma nota sobre o ministério de Paulo. Apesar de ter um ministério voltado aos gentios, Paulo não se fazia indiferente ou antagônico aos judeus. Pelo contrário, salvação para os gentios tem implicações positivas para os judeus.

O verso 15 volta aos temas introduzidos nos vv. 11b-12; porém, com terminologias diferentes: "Transgressão" e "Abatimento" no v.12 estão para "rejeição" no v.15; assim como "riqueza para o mundo" no verso 12 está para "reconciliação ao mundo" no v.15. Essa relação entre os versos é extremamente importante, pois o que é insinuado em um verso é esclarecido no outro. No v.15 ficamos sabendo que o clímax do processo histórico de bênção entre judeus e gentios é chamado de "vida dentre os mortos" (zwh. evk ne,kwn).

A reconciliação do mundo não implica em universalismo, pois como no v.12, ko,smoj no v.15 é uma referência aos gentios. Novamente Paulo usa de categorias corporativas.

A expressão "vida dentre os mortos" (zwh. evk ne,kwn) tem sido entendida de várias maneiras. Há os que entendem como uma alusão à ressurreição[31]; outros a entendem metaforicamente (vida espiritual)[32].

A expressão é única. A mais próxima em todo Novo Testamento é encontrada em Romanos 6.13: evk nekrw/n zw/ntaj. Pela semelhança das expressões e por se encontrarem no mesmo documento, muitos estudiosos concluem trata-se da mesma idéia: a vida espiritual. Porém, a expressão em Romanos 6.13 é prefaciada pela partícula w`j (ou w`sei,) indicando assim uma nuança explicitamente metafórica. Dessa forma, Paulo "parece sustentar um testemunho indireto à força literal e normal das palavras"[33]. A necessidade de w`j (ou w`sei,) indica a força da literalidade da expressão "nua" (sem w`j ou w`sei,). Temos, pois, uma referência à ressurreição.

Em defesa da ressurreição, temos o argumento da cosmovisão apocalíptica do apóstolo Paulo[34]. Segundo esse argumento, de autoridade menor, porém não descartável, um típico padrão apocalíptico caracterizou a restauração de Israel como o evento que traria a consumação escatológica.

O verso 16 marca o começo de uma série de figuras. Um ponto importante aqui é: "Qual o papel do verso 16 e sua relação com as figuras que o seguem e o texto que antecede?" Algumas versões dividem o v.15 do v.16, outras os vv.16 e 17. O verso tem, visivelmente, natureza transicional visto que encontramos elementos dele nos versos que seguem (e.g, ramos, raiz); assim como ele também segue a lógica "da parte e o todo" dos versos 12 e 15. Deste modo, ele tanto ratifica os versos 12 e 15 como introduz uma nova figura a ser desenvolvida.

Outro assunto a ser debatido aqui é a relação entre as figuras e seus referentes e/ou referente. Bruce entende que…
É natural dar à raiz o mesmo sentido de "primícias", mas se a figura da raiz e dos ramos for independente, devemos pensar nos patriarcas como constituindo a raiz da árvore cujos ramos são os israelitas da era cristã […] É possível que haja uma transição de pensamento aqui, quando passa de uma figura a outra[35].

Diferente de Bruce, entendemos que a "metáfora mudou [primíciaàmassa / raizàramos], mas a idéia é a mesma"[36]. Primeiro, a idéia "parte e todo" se encontra nas duas figuras. Em segundo lugar, a santidade é tanto o elemento comum quanto unificador de ambas as ilustrações. Portanto, "as primícias e a massa são correlatos da raiz e dos ramos"[37].

O que temos nos verso que seguem as ilustrações é uma ampliação da última figura. O que Bruce chama de "transição de pensamento" entre as figuras chamamos de "expansão se sentido". Assim, enquanto a massa e a árvore estão relacionadas, o verso 17 expande o referente do v.16 focalizando somente na figura da raiz e dos ramos.

Sobre a santidade das primícias e da raiz, Moo faz uma observação relevante:

A palavra não terá […] o sentido técnico de "separado por Deus para a salvação" que geralmente tem em Paulo, mas conotará uma "separação" realizada por Deus para uma especial atenção em um sentido mais geral. Paulo não está aqui assegurando a salvação de cada israelita, mas a contínua identidade "especial" do povo de Israel aos olhos do Senhor[38].

A identidade das figuras das primícias e da raiz não nos é dada. Muitos[39] entendem que o v. 28 aponta para os patriarcas. Paulo não se preocupa em explicitar a identidade da raiz como o faz com os ramos. Isso pode se dá por duas razões: Ou ele pressupõe por revelação anterior a identificação (e.g., 1 Enoque 93.5); ou simplesmente ele não tem nenhum interesse nessa identificação uma vez que sua preocupação são os ramos que, sendo naturais ou enxertados, são igualmente dependentes da raiz.

O que podemos dizer é que o v.28, bem como a lógica da figura dos judeus como "ramos naturais" nos direciona a identificar a raiz com os patriarcas. Porém, não pode ser somente os patriarcas, mas a aliança-promessa ligada a eles visto que os gentios são unidos a eles por fé e não por genética. Além disso, segundo o v. 18 é a raiz que sustenta os ramos. Isso não pode ser uma referência genealógica somente.

O pronome su, do v.17 nos lembra primeiramente que Paulo está se dirigindo a um público específico – os gentios – e que o tom da passagem é de exortação. Há uma construção condicional de natureza evidência-inferência[40] em que a prótase se encontra no v.17 e a apódase somente no verso 18 ("não te glories contra os ramos"). Ou seja, o fato da quebra de alguns ramos deveria remover qualquer vanglória dos gentios. "Podemos notar aqui um vestígio de desprezo pelos judeus. Não é difícil encontrarmos atitudes semelhantes a esta na vida da igreja"[41]. Porém, não há espaço para anti-semitismo na igreja[42].

O uso de tinej na prótase não visiona um julgamento numérico específico significando o mesmo que "pouco", somente reconhece que nem todos os ramos foram cortados.

Por uma questão lógica a expressão evn auvtoi/j não pode se referir espacialmente aos ramos recém cortados. Caso fosse essa a referência a preposição evn deveria ser entendida como "no lugar de". Se entendermos tratar-se dos ramos que ficaram (judeus crentes), a construção preposicional seria traduzida como "entre eles" (ramos não cortados). Isso torna a identificação dos ramos no v.18 imprecisa. Afinal, os gentios não deveriam se gloriar dos ramos que permanecem ou dos cortados? O fato é que o antecedente de evn auvtoi/j são os ramos cortados. Os ramos que ficaram não são sequer aludidos. Somos impelidos a entender evn como tendo nuança causal[43]. Como as declarações são gerais e os galhos cortados podem ser uma referência geral aos judeus, as palavras aqui poderiam ser aplicadas também aos judeus convertidos em Roma (Rom. 14-15).

Sobre a ilustração do enxerto, muitos têm acusado Paulo de ignorância da prática da horticultura; outros o defendem buscando relatos históricos da prática aqui figurada. As ponderações de Cranfield ajudam:

É mais apropriado observar que ele emprega aqui a metáfora, nem como prova […], nem como ornamento literário, mas apenas como um meio para a expressão do seu pensamento, o qual não era muito fácil exprimir clara e sucintamente sem algum recurso à metáfora […] a verossimilhança de pormenores metafóricos não é importante; o que é importante é que o pensamento do autor fique claro.[44]

A identidade da oliveira é extremamente importante aqui, pois dessa identificação decorre muitas implicações teológicas. As propostas são: Israel[45], Israel de Deus[46]; o povo de Deus de uma forma geral[47]; lugar da bênção espiritual (ou a promessa)[48].

Como não temos uma identificação clara, podemos seguir o caminho da eliminação de candidatos improváveis. Israel é o primeiro deles. De acordo com o v.17, Israel é mais um galho ou ramo na oliveira. "Israel não está sendo comparado propriamente com a árvore, e sim com os ramos"[49].

 
Ao invés de ser Israel, a raiz deve ser vista como algo que provê vida e nutrição tanto para os ramos "naturais" quanto para os "silvestres" [cf. v.18]– i.e., Israel e os gentios. Enquanto Cristo é o cumprimento último dessa raiz, historicamente é a promessa da aliança feita com Abraão que, sem dúvida, está na mente do apóstolo[50].

Burns nos alerta para o fato de que o processo de enxerto se dá sucessivamente e não simultaneamente. Ele critica a idéia, comum em círculos reformados, de que : "Em Romanos 11 o 'enxerto' dos gentios e o 'enxerto' dos judeus são processos simultâneos até o retorno do Senhor"[51]. Ele argumenta: Se o enxerto de judeus e gentios são equivalentes, então porque Paulo diz que os "ramos naturais" serão "mais facilmente enxertados em sua própria árvore" (v.24)?[52].

A natureza sucessiva (ou histórica) da quebra à enxerto à re-enxerto elimina a identificação da igreja com a grande árvore uma vez que historicamente ela é uma realidade posterior a Israel (cf. Mt. 16.18). A importância da natureza sucessiva do enxerto re-enxerto é bem colocada por Burns:

[…] o processo de enxerto afeta a precisão da interpretação dos detalhes do texto como também sua interpretação de como os distintivos do passado de Israel e a presente co-igualdade na igreja relacionam-se com seu futuro[53].

A perspectiva simultânea [54] defende que o processo enxerto e re-enxerto é presente e a futura plenitude é a na verdade uma soma dos eleitos remanescentes. Contra essa perspectiva temos os claros elementos temporais (a;cri(pote,( nu/n) no vv. 25, 30, 31 que reforçam a idéia de um processo histórico. Além disso, a lógica da passagem é que a existência de um remanescente é a garantia de que Deus não rejeitou seu povo e agirá diferente no futuro.

A árvore é o ponto de continuidade entre passado (raiz), presente de Paulo (quebra e enxerto) e futuro (re-enxerto). Por sua natureza histórica universal, a árvore pode se referir ao programa salvífico baseado na aliança-promessa (raiz) [55]. A metáfora também revela a unidade do plano de Deus cruza tanto os limites históricos quanto étnicos.

O v.19 segue o estilo em diatribe colocando palavras na boca do "gentio imaginário". O v.20 o adverte contra a soberba, a o impulsiona ao temor a Deus. O v.21 explica: "Deus não poupou os ramos naturais". A implicação (ou=n) no v. 22 reforça a advertência do v.20. A exortação de Paulo "ecoa um consistente tema do NT: salvação última é dependente de fé contínua; portanto, a pessoa que cessa de crer perde qualquer esperança de salvação"[56]. O v.23 revela que o tratamento é igual tanto para judeus quanto para gentios.

No v.24 temos um argumento "quanto mais…". Se Deus enxertou os gentios que não são naturais, "quanto mais" os judeus que são naturais. Contudo, esse verso não dá ao judeu mais facilidade de salvação. Ele só mostra que, como povo santo (cf. comentário do v.16), seu re-enxerto é de mais fácil entendimento e até expectativa.

Quando chegamos ao v.25 e 26 muitos querem dá outro significado a "Israel" que não o étnico. Contudo, "por todo o livro de Romanos […] 'Israel' significa o Israel étnico ou nacional, em contraposição às nações gentílicas. E é este obviamente o caso aqui no versículo 25"[57]. Murray é mais incisivo:
[…] é exegeticamente impossível atribuir à palavra "Israel", neste versículo [v.26], qualquer outra significação além daquela que lhe pertence em todo esse capítulo. Existe o permanente contraste entre Israel os gentios. Que outra conotação poderíamos atribuir a Israel, no versículo 25?[58]

A respeito do sentido da palavra "mistério" Cranfield nos informa:

[…] No grego gentílico, quando usada em conexão religiosa, ela designa às vezes algo revelado aos iniciados, mas que não deve ser desvendado aos não-iniciados, no Novo Testamento ela designa caracteristicamente aquilo que, embora anteriormente oculto, agora foi revelado por Deus e deve ser proclamado abertamente […] também é empregada para revelação especial[59].

A ênfase dada por Paulo aqui parece ser que está revelando algo que por eles mesmos não saberiam. A saber: "a seqüência da salvação para judeus e gentios"[60]. Israel foi endurecido até a plenitude dos gentios. É dessa forma que Israel será salvo (cf. a análise de ou[twj logo abaixo).

O conteúdo do mistério segue a palavra o[ti. A revelação se dá em três etapas sucessivas visto entende-se existir aqui um paralelo com o "rejeição" e "restabelecimento" no v. 15 e "abatimento" e "plenitude" do v.12. A última etapa é prefaciada pela expressão enfática ou[twj. Há quatro possibilidades de entendê-la: 1) temporal; 2) conseqüência ou conclusão; 3) ligá-la a expressão "está escrito" no v.26 e 4) uso típico: maneira. Contra a primeira e a terceira opção está o fato de que não há exemplo semelhante no grego e/ou em Paulo (contra a opção 3). Contra a segunda opção está a raridade do uso juntamente a necessidade de abandonar o sentido natural (opção 4) que por sua vez se ajusta bem ao contexto. Assim, "A 'maneira' da salvação de Israel é o processo que Paulo tem esboçado nos vv. 11-24 e sumarizado em 25b"[61]. Esse é o "mistério" revelado.

Apesar de ter ênfase adverbial, ou[twj tem referencia temporal. O evento que segue ou[twj ("todo Israel será salvo") "acontecerá nas circunstâncias que prevalecerem quando as primeiras duas etapas tiverem sido cumpridas, e somente assim e então, é que "todo Israel será salvo"[62].

Na expressão "endurecimento em parte" há uma clara referência numérica. Ou seja, nem todos foram endurecidos. Um claro contraste com "plenitude" (cf. citação da nota 31). Há também uma referência temporal. Assim, Israel foi endurecido em parte (mérito numérico) e por um tempo. É verdade que o verso não diz claramente que essa situação de endurecimento findará. Porém, "Paulo, através dos vv. 11-24, tem implicado que Israel um dia terá uma experiência de renovação espiritual […] além dos limites do remanescente"[63]. A salvação, portanto, é sincrônica e não diacrônica; futura e não no decorrer da história. Trata-se de um ponto específico.

Essa salvação será precedida pela "plenitude dos gentios". "Plenitude" envolve uma complementação numérica (cf. NRSV, NIV, nota 31). Esse entendimento nos lembra as Palavras do Senhor Jesus: "Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lc. 21.23b-24).

O "todo Israel" está em contraste com a situação presente de Paulo, ou seja, um pequeno grupo de remanescentes presentes na igreja (v.16). Segundo Bruce: "'Todo o Israel' é expressão que aparece repetidamente na literatura judaica, onde não significa necessariamente 'todo judeu sem uma única exceção', mas, 'Israel como um todo'"[64]. Seguindo Bruce, Ladd assegura: "Não significa que todo Israel será salvo, mas o povo como um todo"[65]. Assim, a expressão não exige que cada israelita, mas todo Israel seja salvo.


Segue uma citação do Antigo Testamento de Isaías 59.20-21 (vv. 26b-27a) e Isaías 27.9 (v.27b). Provavelmente Paulo esteja se referindo a volta de Cristo. Com essa citação Paulo não somente sugere quando se dará a libertação de Israel como também como de dará: pela aceitação do evangelho do perdão dos pecados em Cristo. O uso da LXX bem como a hermenêutica pressuposta por Paulo no seu uso do Antigo Testamento demanda um outro ensaio. Aqui findamos.

7 CONCLUSÃO

Findaremos com duas implicações e uma nota teológica.

Em primeiro lugar, descrever a relação entre Israel e Igreja como substituição é inapropriado. Se a igreja cumpriu ou substituiu tudo que Deus prometeu ao Israel nacional, porque Paulo congrega a integridade de Deus a sua promessa com o Israel étnico? Porque Paulo entraria no mérito racial, se tudo prometido a Israel foi cumprido espiritualmente na Igreja? Para que um futuro para o Israel étnico se a igreja já cumpriu tudo? O fato é que mesmo depois do advento da Igreja, Paulo alimentou o mérito racial em suas argumentações guiado pelo pressuposto de que a promessa foi dada a uma nação. Nas palavras de Cranfield: A igreja não pode alimentar a idéia "má e contrária às Escrituras de que Deus rejeitou o seu povo Israel e simplesmente o substituiu pela Igreja cristã".

Segundo, reconhecer uma distinção entre Israel e a Igreja, não implica necessariamente na negação de uma relação de continuidade. Usando a figura paulina da árvore, a distinção histórica inquestionável dos ramos não exige distinção em tudo, pois é única tanto a árvore quanto suas raízes.

Dessa forma, separo-me do dispensacionalismo clássico que não reconhece qualquer relação entre Igreja e Israel numa dicotomia rígida e insustentável. Por outro lado, separo-me também de alguns ramos da teologia reformada que não reconhecem a distinção entre Israel e a Igreja. Prefiro a tensão bíblica entre a continuidade e a descontinuidade expressa pelo Dispensacionalismo Progressivo.


8 NOTAS

[1] RYRIE, Charles C. Dispensationalism: revised and expanded. Chicago: Moody Publishers, 2007, p. 191, 193, 205. BLAISING, Craig A. BOCK, Darrel. Progressive Dispensationalism. Grand Rapids: Baker, 1993, p. 49-51.
[2] MOO, Douglas. The Epistle to the Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 568 [itálico nosso].
[3]Id., Romanos. Em ALEXANDER, T. Desmond. ROSNER, Brian S. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 433.
[4] ERICKSON, Millard J. Christian Theology. Grand Rapids: Baker, 1998, p. 1053. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 721.
[5] FEINBERG. John. Systems of Discontinuity. Em Id. (ed.), Continuity and Discotinuity: perspectives on the relationship between the Old Testament and New Testament. Wheaton: Crossway, 1988, p. 72.
[6] Ibid.
[7] Ibid., [itálico nosso].
[8] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 574.
[9] MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 371.
[10] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 219 [itálico nosso].
[11] SAUCY, Robert L. Israel and the Church: A Case for Discontinuity. Em FEINBERG, John. (ed.), Continuity and Discotinuity. p. 245 [itálico nosso].
[12] MOO, Douglas. Encountering the Book of Romans: an theological exposition. Grand Rapids: Baker Books, 2002, p. 153.
[13] HARRISON, Everett. Romans. Em GÆBELEIN, Frank E. The Expositor´s Bible Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1984, v. 10, p. 120.
[14] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 683.
[15] MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 438.
[16] cf. No verso 5 a expressão “agora, no tempo de hoje” (nu/n kairw/); no verso 8 “até ao dia de hoje” (e[wj th/j sh,meron h`me,raj).
[17] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 686 [itálico nosso].
[18] CALVIN, John. Calvin´s Commentaries. Grand Rapids: Baker Book House, 1979, v. XIX, p. 421. HARRISON, Everett. Romans. Em GÆBELEIN, Frank E. The Expositor´s Bible Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1984, v. 10, p. 119. STOTT, John. Romanos. São Paulo: ABU, 2001, p. 357-8.
[19] “Abatimento”(ARA); “Diminuição” (AEC; ACF; ARC; KJV); “fracasso” (NIV); “decréscimo” (TNM). “falha” (NAS).
[20] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992, p. 260.
[21] CALVIN, John. op. cit., v. XIX, p. 423, nota 1.
[22] CRANFIELD, C. E. B. op. cit., p. 260.
[23] VINCENT, Marvin R. Vincent´s Word Studies in the New Testament. Hendrickson, v. IV, p. 124.
[24] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992, p. 260. HARRISON, Everett. Romans. p. 120.
[25] Murray relaciona plh,rwma com os outros dois vocábulos, mas o sentido dos dois é que afeta plh,rwma e não o contrário, daí os dois terem natureza qualitativa.
[26] MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 441.
[27] Ibid.[itálico nosso]
[28] STOTT, John. Romanos. São Paulo: ABU, 2001, p. 359.
[29] BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 175. [itálico nosso]
[30] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 690.
[31] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. p. 261. BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. p. 175. NEWELL, William R. Romans. Chicago: Moody Press, 1973, p. 420.
[32] CALVIN, John. Calvin´s Commentaries. p. 425, nota 1. MURRAY, John. Romanos. p. 445-7. HARRISON, Everett. Romans. p. 121.
[33] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 695 [itálico nosso].
[34] Para essa abordagem ver KÄSEMANN, Ernst. Commentary on Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1980. BEKER, J. C. Paul the Apostle: the Triumph of God in Life and Thought. Philadelphia: Fortress, 1980. ALLISON, D. C. Jr. “The Background of Romans 11:11-15 in Apocalyptic and Rabbinic Literature”, Studia Biblica et Theologica 10, 1980, p. 229-34.
[35] BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 176 [itálico nosso].
[36] ROBERTSON, A. T. Word Pictures in the New Testament. Em e-sword version 9.6.0, 2010. BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. p. 176. MURRAY, John. Romanos. p. 448.
[37] MURRAY, John. op. cit., p. 448.
[38] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 701 [itálico nosso].
[39] HENDRIKSEN, William. Romanos. São Paulo: Cultura Crista, 2001, p. 487. DENNEY, James. St. Paul´s Epistle to the Romans. Em NICOLL, Robertson. The Expositor´s Greek Testament. Hendrickson, 2002, v. II, p.679-0. MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 448.
[40] WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics. Grand Rapids: Zondervan, 1996, p. 683.
[41] MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 450.
[42] STOTT, John. Romanos. São Paulo: ABU, 2001, p. 366.
[43] Sobre essa nuança de evn cf. WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics. p. 372. ROBERTSON, A. T. A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research. London: Hodder & Stoughton, 1919, p. 583-4.
[44] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992, p. 263.
[45] MARSHALL, I. Howard. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 283. BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 176.
[46] CERFAUX, L. O Cristão na Teologia de Paulo. São Paulo: Editora Teológia, Paulus, 2003,p. 82.
[47] MOULE, Handley C. G. The Epistle to the Romans. London: Pickering & Inglis LTD. p. 303; STOTT, John. Romanos. São Paulo: ABU, 2001, p. 363. MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 709.
[48] FRUCHTENBAUM, Arnold. “Israelology”. Chafer Theological Seminary Journal. September, 1999, v. 5, p. 45.
[49] POHL, Adolf. Carta aos Romanos: comentário esperança. Curitiba: Esperança, 1999, p. 184.
[50] SAUCY, Robert L. Israel and the Church: A Case for Discontinuity. Em FEINBERG, John (ed.), Continuity and Discotinuity. p. 255.
[51] BURNS, J. Lainer. Israel and the Church of a Progressive Dispensationalist. Em BATEMAN IV, Herbert W (ed.). Three Central Issues in Contemporary Dispensationalism. Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 272 [itálico nosso].
[52] Ibid., p. 278-0.
[53] Ibid., p. 278.
[54] HENDRIKSEN, William. Israel in Prophesy. Grand Rapids: Baker, 1974, caps. 3-4; Id., Romanos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 499. HOEKEMA, Anthony. The Church and the Future. Grand Rapids: Eerdmans, 1979, p. 145-6.
[55] BURNS, J. Lainer. Israel and the Church of a Progressive Dispensationalist. p. 277.
[56] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 707.
[57] STOTT, John. Romanos. São Paulo: ABU, 2001, p. 368.
[58] MURRAY, John. Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003, p. 460.
[59] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992, p. 266.
[60] VANLANINGHAM. Michael G. “Romans 11:25-27 and the Future of Israel in Paul´s Thought”. Master´s Seminary Journal. 1992, v.1, p. 147.
[61] MOO, Douglas J. The Epistle To The Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1996, p. 720.
[62] CRANFIELD, C. E. B. A Carta aos Romanos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992, p. 267.
[63] MOO, Douglas J. op. cit., p. 718 [itálico nosso].
[64] BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 179.
[65] LADD, George E. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 723.

9 BIBLIOGRAFIA

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WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics. Grand Rapids: Zondervan, 1996.

Um comentário:

  1. Pastor Rômulo, ótimo texto, muito claro a diferenciação de Igreja e Israel.

    Entendi o ponto e também me inclino ao DP, por ser a chave que mais descreve a realidade das Escrituras. Lendo Ladd, ele deixa muito claro a sua posição, da história da salvação, como Cristo sendo o divisor das "eras", e que vivemos no "em uma nova era", mas que ainda recebe grande influência da antiga era, então Cristo é a perspectiva nova disso, a sua vinda, morte e ressureição, pelo que entendi o ponto defendido por Ladd, entra também na questão desta mudança de perspectiva em nossa analise também abrange a questão do povo de Deus, sendo a Igreja o verdadeiro "Israel" em Cristo. Por causa desta mudança em Cristo.
    A questão é:Apesar de entender que não existe uma diferenciação no sentido de um povo mais especial, em Cristo não há judeus nem gregos, é fato que existe uma promessa étnica a esta nação, Israel de governo "civil", minha pergunta é:

    No período milenar, os cristãos não judeus, estarão a desfrutar da mesma raiz(promessas), por estarem em Cristo. Você poderia me dizer quais as principais diferenças entre os judeus e os não judeus neste período?

    Em Cristo
    www.respirandodeus.blogspot.com




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Rômulo Monteiro alcançou seu bacharel em Teologia (Seminário Batista do Cariri – Crato/CE) em 2001; concluiu seu mestrado em Estudos Bíblicos Exegéticos no Novo Testamento (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper – São Paulo/SP) em 2014. De 2003 a 2015 ministrou várias disciplinas como grego bíblico e teologia bíblica em três seminários (SIBIMA, Seminário Bíblico Teológico do Ceará e Escola Charles Spurgeon). Hoje é professor do Instituto Aubrey Clark - Fortaleza/CE) e diretor do Instituto Bíblico Semear e Pastor da PIB de Aquiraz.-CE Casado com Franciane e pai de três filhos: Natanael, Heitor e Calebe.