Leitura: 1 Coríntios 5:1-8.
Os vv. 6-8 revelam as razões para a expulsão do homem incestuoso: a) os perigos de uma postura indiferente ao pecado para o corpo de Cristo e, b) a proposta de Deus na morte de Cristo visando nossa santificação.
Paulo utiliza um ditado muito empregado no mundo judaico. A idéia é simples: o pequeno (e aparentemente insignificante) pode tomar proporções grandiosas. Ele já tinha utilizado esse provérbio quando escreveu aos gálatas tratando do perigo da falsa doutrina (Gl. 5:9). A ameaça em Corinto é a imoralidade sexual. Simplificando, Paulo está dizendo: coisas ruins se proliferam com mais rapidez. A imoralidade (Corínto) ou os falsos ensinos (Galátas), portanto, devem ser considerados com atenção especial pela igreja, pois sua capacidade de domínio e destruição é incontestável e iminente. Os irmãos de Corinto não tomavam a questão com seriedade, e por isso, estavam à beira da “contaminação completa”.
Paulo muda as figuras ilustrativas no verso 7. Ao invés do contraste entre “pequeno” e “grande” do provérbio judaico, temos um contraste entre “novo” e o “velho” tirado da festa dos pães asmos. A retirada do velho fermento claramente é uma referência direta ao homem incestuoso, porém sua aplicação é de alcance maior. Não podemos esquecer que o alvo de Paulo em todo o parágrafo não se limita ao pecado de incesto, mas a pureza na igreja, e isso, evidentemente inclui pecados menos escandalosos como a “avareza” (v.11), por exemplo.
Como é de praxe na teologia de Paulo, há sempre uma relação entre o que somos e o que devemos ser. Ou, como alguns teólogos preferem: entre o indicativo (o que somos) e o imperativo (o que devemos ser). Essa é uma forma de relacionar o dom de Deus da salvação (justificação, santificação, conversão, regeneração)com a ética. Ou, entre a responsabilidade humana e a soberania de Deus. É como se Paulo dissesse: “sejam o que são”. Fomos libertos do pecado (o que somos, o que Deus fez em nós), por isso devemos viver em obediência a Deus (o que devemos fazer). Só podemos obedecer (imperativo) por que somos libertos (indicativo). Voltando a ilustração anterior: Somos massa nova (indicativo), por isso devemos tirar o velho fermento (imperativo).
A razão para uma “nova” situação e o deixar a “velha” vida está em Cristo. Para entender melhor a ilustração de Paulo devemos ter uma noção da relação entre a festa da Páscoa e dos Pães Asmos (sem fermento). A páscoa levava aos Pães Asmos. Depois da morte do cordeiro pascal seguia-se uma semana de asmos. Tudo que era levedado deveria ser eliminado da casa dos israelitas (Êx. 12:14-20).Da mesma forma, o Cordeiro Pascal (Cristo) deve nos levar a uma “nova” massa, uma "nova" situação. A morte de Cristo, por conseguinte, é o alicerce de uma “nova” condição; em um estado de pureza, santidade, de “asmos” constantes, sem contaminação.
As palavras usadas por Paulo (“maldade” [gr. kakias] e “malícia” [gr. ponerias]) são genéricas, e juntas, aplicam-se a toda forma de iniqüidade. Deus nos libertou do pecado, portanto, vivamos de forma santa e pura. Nosso comportamento deve ser motivado pela “verdade” e a “sinceridade” (gr. eilikrineias – “livre de dissimulação”, “motivação pura” [BAGD]).
O Sacrifício de Cristo não nos deu condições somente de irmos ao céu, mas de nos moldar segundo sua santa imagem. Isso deve acontecer na esfera pessoal e corporal. Que possamos demonstrar santidade e pureza como povo de Deus e corpo de Cristo. Esse é, sem dúvida, o desafio de Paulo e sua preocupação neste parágrafo – a santidade corporativa. A santidade, portanto, não deve ser somente uma busca individual ou pessoal. A santidade do irmão deve ser nosso alvo também. Somos um corpo.
continua...
Não apenas na igreja, mas também em nossa vida os pecados "pequenos" podem se proliferar com mais rapidez. Obrigado pela lembrança.
ResponderExcluirUma questão, até hoje, éfícil de relacionar é a responsabilidade que o homem tem em todos os seus atos e a soberania de Deus. Deus manda, quer e dá os recursos para que sejamos( igreja) santos. E continuamos errando, pior fazemos ou permitimos o erro.
ResponderExcluirMuito me edifica os comentários feito neste estudo.
Estou esperando a continuação.
ResponderExcluirObrigado.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Pr. Rômulo,
ResponderExcluirEspero que Deus possa abençoar este seu blog e que muitos possam ser edificados através dele.
Gostaria apenas que fosse explicado o porquê da indicação do videoclipe da banda Casting Crowns.
Pelo que eu entendi, a letra trata da questão da entrada do pecado em nossas vidas, que muitas vezes damos pequenas aberturas e, quando nos damos conta, já caímos no erro.
Entretanto, o fato desta banda ser uma imitação de tantas outras bandas de rock mundanas, faz-me pensar se isto não entra na questão da insensibilidade tratada nestes dois primeiros posts do seu blog. Explico-me: a música possui um ritmo (rock) que não reverencia nem glorifica a Deus, já que estimula o corpo a movimentar-se e não a mente ao louvor ao Senhor.
Assim, percebo que há um paradoxo aí: enquanto a letra nos alerta quanto ao deixarmos o pecado entrar devagar em nossas vidas, o ritmo da mesma música nos leva a desviar a atenção de Deus e cancela o que poderia existir de louvor a Ele.
Bem, como fiquei na dúvida, deixo a sugestão para que o pastor comente algo a este respeito. Sabemos que é dever de todos os crentes primar pela seriedade e reverência a Deus em todos os aspectos e, em especial, pelo louvor. E, como em nossos dias a moral, a santidade e a pureza estão escassas entre nós, creio ser importante um pronunciamento sobre isso.
Obrigado e Deus abençoe este blog e seu ministério. Sabemos que a internet é dominada, assim como o mundo, por conteúdos contrários à santa e perfeita vontade de Deus. Portanto, espaços como este, em que podemos aprender e trocar experiências sobre a vida cristã, são mais do que bem vindos.
Atenciosamente, em Cristo,
Germano.