Esse ano vou fazer seis anos que pastoreio a 1ª Igreja Batista Regular de Aquiraz (Ceará). Nesse período de pastorado nasceu uma congregação. Essa, por sua vez, tem prosperado muito. Não demorou a enviarmos um irmão da “igreja mãe” para auxiliar o missionário que havia iniciado o trabalho. Era nossa forma de apoiar a obra. Esse irmão, que sempre foi ativo em nossa igreja, assumiu pregações, estudos, aconselhamentos, visitações etc. Em outras palavras, assumiu “atividades pastorais”. Logo, os membros da congregação o denominaram “pastor”. Nada mais natural e esperado. Porém, isso não me agradava, pois, apesar de entender que todos os cristãos possuem dons, e que o do irmão em questão era o pastorado, alguns dons precisam de reconhecimento oficial. E certamente esse seria o caso do pastor (cf. At. 14.23).
Foi então que o tema ordenação me veio à mente. Eu não havia passado por aquilo que muitos em meu grupo chamam de ordenação. A primeira questão a surgir foi: “Como vou ordenar o pastor da congregação, se eu, o pastor da igreja mãe, não sou ordenado?”. Outras questões surgiram: “Seria eu um pastor de segunda categoria?”; “Existem pastores de duas categorias – os ordenados e os não?”; “Existe algum pastor não ordenado?” O artigo que segue visa responder essas questões.
Comecemos com a definição. Quero apresentar duas. A primeira é a essência do que encontramos nos compêndios de teologia, enquanto a segunda é resultado da minha observação da prática.
Definição 1: Ato solene pelo qual a igreja local reconhece pública e formalmente o seu pastor como uma pessoa chamada e apta para desempenhar as funções ministeriais (Jaime Augusto Lima – itálico nosso).
Agora vamos à definição partindo da prática Batista. Antes de criar a definição que segue, procurei a opinião de vários amigos de ministério.
Definição 2: Ordenação é uma cerimônia em que um candidato ao pastorado, embora paradoxalmente possa já ter sido reconhecido por sua igreja local como pastor, é examinado doutrinariamente em algumas horas e recebe a chancela ou a reprovação de vários pastores e/ou membros de um concílio que não necessariamente fazem parte da igreja local. Denominaremos esse conceito de ordenação, “Ordenação Conciliar” (doravante, OC).
Nesse ponto quero alistar e/ou relembrar duas marcas do sistema de governo congregacional que têm ligação direta com a questão da OC e serão essenciais para nosso julgamento da mesma. O congregacionalismo, portanto, em nosso artigo não é julgado; antes, pressuposto.
A autoridade final está com a igreja local (cf. Mateus. 18; 1 Coríntios. 5).
Toda interferência externa à igreja local não se dá de forma autoritativa e/ou final; antes, possui caráter de sugestão, aconselhamento, elucidação, informação, exortação etc. A última palavra sempre será da igreja. Aqui vale a ressalva de que a mesma pode errar caso não se enquadre na autoridade maior – a Revelação Escrita. Em outras palavras, a autoridade da igreja é derivada das Escrituras. Aqui estamos pensando na relação de autoridade pastor/igreja.
Se todo conselho, seminário, associação ou qualquer instituição tem poder somente de sugestão, a natureza validade de um documento de OC dependerá, por sua vez, da igreja local. Ou seja, em si, ela (OC) não tem valor final. Trata-se de uma sugestão.
A questão aqui é: Porque a ordenação, na maioria das vezes (conforme observei em pesquisa realizada com vários pastores), acontece depois do reconhecimento já realizado pela igreja? Porque ordenar alguém já reconhecido pela igreja? Não seria um testemunho da igreja contra ela mesma, já que ela está pedindo um conselho sobre aceitação (ou não) de um pastor já aceito por ela? E aceitação por parte de um grupo de pastores não seria um testemunho contra eles mesmos uma vez que não estão reconhecendo a autoridade final da igreja local? Ora, se após um reconhecimento oficial por parte da igreja local se faz necessário outro reconhecimento, certamente um sobrepuja o outro. Se autoridade do concílio é secundária e não final, porque acontece depois?
Alguém pode retrucar dizendo que a igreja pode errar em suas escolhas, por isso precisa dos “de fora”. Não tenha dúvidas não é preciso ter muita experiência em igreja para se concluir que ela pode errar; mas questão é: onde estará o erro e como consertá-lo? O que o concílio analisa que a igreja não pode discernir? Se um grupo de fora vê o que a igreja ainda não viu, tal realidade pode, no máximo, denunciar uma metodologia ruim da igreja local no reconhecimento do seu pastor e não implica necessariamente em uma apologia da OC.
Talvez você está pensando que nem toda OC segue a aceitação da igreja. É verdade. Em consulta a colegas de ministério, alguns têm dito que o ideal é que a ordenação venha antes do reconhecimento da igreja. No caso, a igreja deveria reconhecer (ou não) levando em conta o conselho do concílio. Concordo que essa deveria ser a ordem; contudo, discordo quanto ao fato de ser a práxi (pelo menos no meu grupo). Mas, passemos, então, mesmo que por ficção, a considerar que todas as OC precedem a aprovação da igreja.
Aqui vamos a segunda marca do governo congregacional:
A autoridade (jurisdição) pastoral é restrita a sua congregação.
O governo congregacional assegura que cabe a igreja local o reconhecimento dos seus pastores. Em outras palavras, ninguém pode se autodenominar “pastor”. Pastor é uma vocação que exige reconhecimento oficial da igreja. Nenhum pastor pode surgir no “vácuo eclesiológico”. Não há pastor sem igreja. Sua autoridade é derivada da igreja.
No processo desse reconhecimento ela pode pedir a ajuda de pastores e/ou irmãos de outras igrejas. Para mim, sem dúvidas, uma atitude louvável (Pv. 15.22). Porém, neste mundo decaído, tudo que é louvável e virtuoso não está tão distante do reprovável e pecaminoso. Poucos conseguem ver problemas com esse pedido de ajuda e/ou aconselhamento. Aqui queremos considerar os possíveis problemas implicados desse pedido.
1. A igreja local pode esquecer que a “autoridade pastoral” dos seus convidados está restrita às suas igrejas locais. Se a igreja que convoca um concílio não tiver consciência da jurisdição dos seus convidados, o que deveria ser uma ajuda de irmãos mais experimentados passa a ser a palavra final; e os “conselheiros” passam a ser considerados os “autorizadores”. A igreja, portanto, pode entregar às pessoas “de fora” (concílio) o seu trabalho devido. Nenhum grupo de pastores ou irmãos, por mais experimentados que sejam, pode assumir o lugar exclusivo da igreja local.
Coloquemos a questão em forma de pergunta: “Deveria a igreja local aceitar, ou usando as palavras do apóstolo Paulo em 1 Timóteo 5.22, “ser cúmplice” do julgamento do concílio como a “palavra final” não sujeita a questionamentos, críticas e até mesmo reprovação?” Para o NT, não. Todo conselho deve ser analisado como conselho. Ou seja, não é palavra final. Particularmente, penso que isso não acontece na prática.
2. Vejo no pedido de ajuda um problema no reconhecimento da suficiência da igreja local em cumprir suas prerrogativas. Se essa precisasse de uma interferência fora dela mesma, porque Deus não criou essa outra instituição? Além disso, as qualificações de um bispo não podem ser examinadas por pessoas que não convivem com a mesmo. Aniquilo, portanto, qualquer possibilidade de consulta da igreja a pastores e irmãos experimentados de outras igrejas? Não; não e não. Contudo, infelizmente, muitos dos consultados não reforçam a autonomia da igreja; antes, se colocam como elementos essenciais no processo de reconhecimento de um pastor – o que não é.
3. Aqui entramos em outro ponto: A OC pode servir para perpetuar um modelo capenga. Como já coloquei, no ideal do NT, pastores devem emergir da própria igreja e não “de fora” (cf. o post “A relação entre a igreja e o pastor”). E é exatamente porque a grande maioria dos pastores hoje vem “de fora” do convívio com a igreja, que a OC torna-se necessária. Traduzindo: como a igreja não conhece o candidato (e deveria conhecer para o reconhecer), ela realmente precisa do conselho dos de fora. Sua ignorância a conduz a supervalorizar o conselho do concílio.
4. A convocação de um concílio tem seus perigos e ameaças. Pensemos numa situação específica: uma igreja recusa o veredicto do concílio. Para mim, isso é o mesmo entrar numa grande enrascada junto à associação de igrejas ou a comunidade pastoral. Há, portanto, a possibilidade da OC ser um tiro no pé da igreja. Alguns diriam que a reprovação da igreja ao veredito do concílio não seria ético. A pergunta que poderia ser feita em contraposição é: não seria antiético, por parte do concílio, reprovar alguém já aceito pela igreja?
Minhas conclusões:
1. A OC não emerge do sistema de governo congregacional. A sensação que tenho é que a OC é uma síntese que os congregacionais fizeram com outros governos de igreja. O que os congregacionais devem entender, é que toda prática parte de pressupostos. E isso não é diferente com a OC. Os pressupostos do presbiterianismo, por exemplo, não somente permitem a OC como também a exige, pois nesse sistema, pastor é pastoreado por pastores (presbitério). A questão é: O congregacionalismo e suas duas bandeira citadas supra não exigem nem permite o peso “autoritativo” dado a OC. Os pressupostos que exigem um Concílio de pastores emergem de qualquer tipo de governo, menos do congregacional.
2. Reconheço a importância das relações entre as igrejas. Creio na autonomia da igreja, mas entendo que autonomia não é o mesmo que independência total. O NT deixa claro que as igrejas tinham projetos comuns (Rm. 15.26); preocupavam-se umas com as outras (At. 11.27-30; 12.25). Por outro lado, há casos em que as igrejas não deveriam intervir na vida de outras. Na disciplina, por exemplo. Uma igreja local não pode disciplinar o membro de outra igreja. Isso se dá pela própria natureza da questão. A disciplina deve ser realizada pela igreja. Não vejo como pessoas “estranhas” podem determinar se alguém é pastor ou não. A natureza das exigências para o reconhecimento de um pastor requer o respaldo da convivência que um concílio formado por pessoas de fora não pode dá. Isso não elimina a consulta de outros, mas limita o respaldo dos de fora.
3. Uma atitude louvável; melhor, esperada em um concílio é orientar a igreja no processo de convite de um pastor e não tomar seu lugar. Caso seja convidado para o reconhecimento de um pastor que já se encontra lá e já foi reconhecido (ordenado) pela igreja, o concílio deveria ajudar a igreja a entender o papel do pastor e da igreja bem como abraçar esse “noviço” na orientação de uma vida pastoral. Em outras palavras, os “de fora” devem ser instrumentos de auxílio dessa nova relação (pastor/igreja).
4. O que não se pode negar é que a OC tende a formar uma classe diferenciada dentro dos pastores. Isso pode ser observado na prática quando alguém após perguntar se você é pastor, logo em seguida, pergunta se é ordenado. Ou seja, tem o pastor e pastor ordenado. É como acontece com a formação dada pelos seminários. As pessoas perguntam: “você é pastor?” e logo em seguida: “formado aonde?”.
5. Passar por uma OC hoje, para mim, seria um retrocesso. Estaria comunicando a minha igreja, de forma indireta, que seu reconhecimento nesses últimos seis anos não tem peso para mim, nem para Deus. É como se estivesse buscando fora da igreja uma autoridade maior. Como se a dela não bastasse. O fato é que sou ordenado pela minha igreja. Logo, eu, e todos os que foram reconhecidos em suas igrejas, foram realmente ordenados. Fico a definição 1.
1. A OC não emerge do sistema de governo congregacional. A sensação que tenho é que a OC é uma síntese que os congregacionais fizeram com outros governos de igreja. O que os congregacionais devem entender, é que toda prática parte de pressupostos. E isso não é diferente com a OC. Os pressupostos do presbiterianismo, por exemplo, não somente permitem a OC como também a exige, pois nesse sistema, pastor é pastoreado por pastores (presbitério). A questão é: O congregacionalismo e suas duas bandeira citadas supra não exigem nem permite o peso “autoritativo” dado a OC. Os pressupostos que exigem um Concílio de pastores emergem de qualquer tipo de governo, menos do congregacional.
2. Reconheço a importância das relações entre as igrejas. Creio na autonomia da igreja, mas entendo que autonomia não é o mesmo que independência total. O NT deixa claro que as igrejas tinham projetos comuns (Rm. 15.26); preocupavam-se umas com as outras (At. 11.27-30; 12.25). Por outro lado, há casos em que as igrejas não deveriam intervir na vida de outras. Na disciplina, por exemplo. Uma igreja local não pode disciplinar o membro de outra igreja. Isso se dá pela própria natureza da questão. A disciplina deve ser realizada pela igreja. Não vejo como pessoas “estranhas” podem determinar se alguém é pastor ou não. A natureza das exigências para o reconhecimento de um pastor requer o respaldo da convivência que um concílio formado por pessoas de fora não pode dá. Isso não elimina a consulta de outros, mas limita o respaldo dos de fora.
3. Uma atitude louvável; melhor, esperada em um concílio é orientar a igreja no processo de convite de um pastor e não tomar seu lugar. Caso seja convidado para o reconhecimento de um pastor que já se encontra lá e já foi reconhecido (ordenado) pela igreja, o concílio deveria ajudar a igreja a entender o papel do pastor e da igreja bem como abraçar esse “noviço” na orientação de uma vida pastoral. Em outras palavras, os “de fora” devem ser instrumentos de auxílio dessa nova relação (pastor/igreja).
4. O que não se pode negar é que a OC tende a formar uma classe diferenciada dentro dos pastores. Isso pode ser observado na prática quando alguém após perguntar se você é pastor, logo em seguida, pergunta se é ordenado. Ou seja, tem o pastor e pastor ordenado. É como acontece com a formação dada pelos seminários. As pessoas perguntam: “você é pastor?” e logo em seguida: “formado aonde?”.
5. Passar por uma OC hoje, para mim, seria um retrocesso. Estaria comunicando a minha igreja, de forma indireta, que seu reconhecimento nesses últimos seis anos não tem peso para mim, nem para Deus. É como se estivesse buscando fora da igreja uma autoridade maior. Como se a dela não bastasse. O fato é que sou ordenado pela minha igreja. Logo, eu, e todos os que foram reconhecidos em suas igrejas, foram realmente ordenados. Fico a definição 1.
Eu era ordenado e não sabia.
Amado Irmão,
ResponderExcluirbrilhante a argumentação.
Entendo que para introduzir a secularidade da identificação de classe, violaram o Governo da Igreja, fazendo-o híbrido.
A Igreja livremente solicitar a irmãos santos de outras igejas para cooperação para escolha de seus líderes acho possível.
Já participei de OC, e espero jamais participar novamente, onde pastores mal intencionados introduziram um herege, simplesmente por fazer parte do grupo.
Há problema de legitimidade e autoridade na OC.
Louvo ao Senhor pela posição do Irmão, e entendo que será (ou é) posto à margem da estrutra oficial dos Ministros.
Em Cristo, e a Ele, apenas a Ele, honra, glória de louvor eternamente.
ficou tudo muito claro, muito bom mesmo...
ResponderExcluirmais não concordo, kkkkkkkkk
brincadeira,olha só quem fala que não concorda...
valeu, obrigado pelo apoio, que Deus te abênçoe sempre, com:
vontade para conhecê-lo cada vez mais.
determinação para nunca desistir da busca desse conhecimento maravilhoso.
sabedoria para usar esse conhecimento da melhor forma possível na edificação do seu povo.
e amor para tocar o coração de todos aqueles que te cercam.
que Deus em Cristo Jesus te abênçoe.
Algumas considerações:
ResponderExcluir1- O Concílio é convidado para fazer um exame DOUTRINÁRIO do CANDIDATO, deve prender-se ao que é fundamentalmente inegociável na fé cristã.
2- Sendo o exame doutrinário, não há necessidade de OC conhecer o candidato.
3- O candidato é candidato, alguém que aspira o ministério. Em se tratando de um membro querido da Igreja e com um bom grupo de parentes, ele é aprovado sem qualificação. Uma OC deveria ser convocada para proteger a Igreja disso.
4- Se o Concílio se ativer as suas atribuições, não tem como ele desqualificar doutrinariamente um candidato aprovado pela igreja. Porque se o exame se restringir ao que é essencial, as conclusões terão que ser as mesmas em qualquer lugar.
5- O Concílio não resolve, porque às vezes rola a tal da pressão política na denominação. Uma vez eu tentei me opor a ordenação de um bom homem que não tinha qualificação prá ser pastor. Minha palavra foi cerceada, não era um exame de verdade.
6- A Igreja aprova a vida e o chamado do candidato. O Concílio examina sua saúde doutrinária. Entretanto pela lógica congregacional esticada a Igreja faz o que quer.
7- Sou irredutível apenas no fato de que a minha Igreja deve sempre ordenar por meio de uma cerimônia formal alguém que aspira o episcopado, cuja aspiração seja corroborada pelo testemunho da Igreja.
8- A Igreja não deveria ordenar um candidato que se mostrasse reticente nas doutrinas fundamentais da fé cristã. A Igreja pode fazer um concílio com membros da própria igreja.Mas será mais difícil a isenção apesar de ser válido do mesmo jeito.
Obrigado pela colaboração. Algumas considerações:
ResponderExcluir1.O que o senhor chama de "lógica congregacional esticada", eu entendo como "implicação necessária".
2. Todo minha luta no artigo é para uma reavaliação do que tem se tornado a OC. Em outras palavras, colocá-lo no seu devido lugar e dá-lhe o peso devivo.
3. Acho a busca da igreja local por "sugestão" e "conselhos" algo louvável. Mas é sugestão.
4. O fato de uma igreja aprovar indevidamente um irmão querido nao faz da OC uma necessidade. O mesmo pode acontecer com a OC. Ela não está isenta de passividade. Tanto a igreja como o concílio podem ser passionais. A questão é que o NT dá poder a igreja local.
5. Pesando na questão doutrinária, Machen relata que nos seus dias os canditados eram dúbios ou desonestos nas respostas ao concílio. Mentir para um concílio é muito mais fácil que mentir para a igreja.
Abração.
É uma honra tê-lo como leitor do blog.
De todas as maneiras encontaremos dificuldades.
ResponderExcluir1-A Igreja Local é quem tem a autoridade, inclusive para delegar autoridade para um concílio examinar um candidato seu.
2- Muitos pastores que hoje pregam heresias destruidoras passaram por uma OC.
3- Mas Pr. Rômulo, acho que o que puder ser feito para afinar a peneira nós temos que fazer.
4- Nós estamos vivendo um momento pós-denominacional, as Igrejas como entidades locais têm uma grande oportunidade de praticarem a autonomia que o NT lhes confere. Mas, nosso cuidado deve dobrar, para que autonomia não venha a significar fazer as coisas de qualquer jeito. Eu defendo que a Igreja faça uma ordenação solene com imposição de mãos, como um ato de investidura pública. No caso de quem já funciona com pastor não uma OC, mas uma ordenação para tornar oficial aquilo que já é fato. Alguém não é menos pastor se não o fizer. Mas não perderia nada se o fizesse.
5- Isso não é uma resposta ao seu artigo. Eu conheço sua seriedade. Mas apenas quero aproveitar o blog como um espaço para produzir reflexão.
Oi pastor, gostei muito do seu artigo. Sempre admirei sua capacidade de questionar o que ninguém questionou e aceitou. O sr. "abre os nossos olhos".
ResponderExcluirAqui no SBC ouvi a posição de um pastor respeitado sobre a OC. Ele falou que ela só se faz necessária em casos onde o pastor não é conhecido por ninguém, nem a igreja, nem os demais pastores da região. A situação seria a seguinte. Imagine que aqui no Cariri uma igreja necessita de um pastor. Um outro pastor indica o pr. Tony Grandson lá de São Paulo. A igreja aceita a recomendação e convoca um concílio para avaliar as posições doutrinárias do candidato. Se, todavia, a igreja tiver a capacidade de fazer isso sozinha, não precisará do concílio de pastores de fora.
Todavia, se todos aqui no Cariri conhecessem o fiel testemunho do pr Tony Grandson, ele é bem conhecido pelas igrejas e todos confiam pelo seu testemunho em sua posição doutrinária, não há motivos para a OC.
Aqui no Cariri, por exemplo, há vários pastores que nunca passaram por uma OC, por serem amplamente conhecidos de todos. Eles foram "empossados" na Assembléia da igreja. Repito, são vários, ou seja, não poucos, enfim, muitos.
Esse é um bom assunto. Eu, que estou quase me formando, vou passar pelo famoso exame doutrinário. Se alguém pedir uma OC pra me ordenar, eu pego o telefone da minha banca e passo pra igreja. Pronto, não vou precisar de ooooutro exame doutrinário.
Valeu, abração.
A Ordenação Conciliar é uma prática para igrejas que querem pertencer a uma denominação congregacional. Igrejas que queiram ser independentes destas denominações não precisam dela.
ResponderExcluirÉ necessária, especialmente quando a denominação tem se espalhado e passa a incluir obreiros que chegam de outros grupos. Serve para garantir que a identidade doutrinária daquele grupo será mantida.
Vamos tomar cuidado com a falácia do acidental. Não é porque a medicina comete erros, que desprezamos a prática da mesma. Com certeza os concílios erram, mas , quando a denominação é congregacional, e a igreja quer ser aceita pela mesma, ela deve permitir que seu pastor seja examinado quando a suas convicções doutrinárias. Espera-se que a igreja já conheça a vida e testemunho do candidato o suficiente para aprová-los nestas áreas.
No exemplo dado, o da sua, uma igreja mais madura, pastoreada por alguém mais experiente e com certa formação teológica, enviou um irmão de sua confiança para a congregação. Em certo sentido foi uma interferência, certa, amorosa e protetora. Este irmão foi confirmado pela congregação depois de algum tempo. Mas foi a igreja-mãe que o enviou.
Alguns textos do NT precisam ser analisados Atos, cito dois: 14.23;16.4; Tt 1.5.
Em primeiro lugar, obrigado pela colaboração ao artigo. É bom ter a participação dos meus mestres no blog.
ResponderExcluirComo o texto escrito muitas vezes não revela claramente nossas emoções, quero deixar patente que as palavras que seguem estão cheias de amor, respeito, mansidão e submissão.
Feitas os agradecimentos e esclarecimentos vamos a resposta:
1. Todo artigo não visa rejeitar por completo a prática da Ordenação; mas repensá-la tomando como ponto de partida a autonomia e/ou autoridade da igreja local uma vez que a última é negligenciada ou até ignorada quando a primeira não é compreendida e/ou super enfatizada.
2. Quando cito a realidade da minha igreja, longe de mim querer estabelecer uma regra para todos os casos (não que o senhor tenha intencionado assegurar isso em suas colocações); quero apenas mostrar que a experiência levou-me a questionar a real necessidade da ordenação como praticada – a busca por uma autoridade fora da igreja local (chamada de Ordenação Conciliar).
3. Quando ordenação é vista como um pedido de conselho, okay, vejo-a como virtuosa. E afirmo isso claramente no artigo. Mas infelizmente não é assim em todos os casos. Isso deve ser reparado. O artigo propõe isso. Aliás, para mim, a ordenação só faz sentido se for um pedido de ajuda e/ou conselho e não a busca por uma autoridade fora dela mesma. Talvez isso seja a “alma do artigo”. E entendo que isso deve ser esclarecido em toda ordenação. Tal explicação não faria sentido para minha realidade. Como minha igreja iria pedir um conselho para aceitar um pastor que já está lá seis anos? Sinceramente, não vejo necessidade. Isso evidentemente não impede que a igreja faça isso um dia. Pedir ajuda é sempre bom. Portanto, não estou dizendo que a ordenação deve ser rejeitada arbitrariamente, mas reconhecendo que quando entendemos a autoridade da igreja local e o “caráter conselheiro” da ordenação ela pode se tornar desnecessária, e em alguns contextos, sem sentido.
4. Sou ordenado pela minha igreja. A diferença é que o processo não se deu seguido por um pedido de conselho a um grupo de irmão mais experientes de outra igreja. Não há dúvidas de que isso afeta minha relação com os outros colegas, e por conseqüência, com as outras igrejas. Mas vejo que o reconhecimento pastoral (ordenação) sempre é local e não de grupo. Pensando assim, um pastor poderia (não necessariamente) passar por várias “ordenações” e/ou “reconhecimentos”. Isso geralmente não acontece porque a ordenação, como pensada hoje, é mais para o grupo do que para a igreja local. Se a atual prática fosse uma preocupação da igreja, a cada igreja diferente que o pastor assumisse ele deveria ser reavaliado – reordenado. Veja o ponto que segue.
5. Quanto à pureza doutrinária, é fato que a ordenação é um bom mecanismo para manutenção da unidade doutrinária de uma igreja e de um grupo. Não tenho dúvidas disso. Aliás, a isso digo um forte “amém”. Pensando especificamente no grupo, poderíamos ter outros mecanismos igualmente pragmáticos e virtuosos para sustentação doutrinária. Por exemplo, se a pureza doutrinária é do grupo, o próprio grupo (associação) poderia tomar a iniciativa de analisar seus pastores. Isso poderia se dar logo no início, ou seja, no pedido de entrada de uma igreja junto à associação (grupo) ou, através de uma reavaliação regular (e.g., de quatro em quatro anos). Se o objetivo de uma ordenação é a pureza doutrinária de um grupo, talvez esses recursos sejam até mais eficazes do que a OC. Aliás, é questionável a eficácia da Ordenação Conciliar na preservação doutrinária visto que sua natureza “de uma vez por todas” (perpétua) tem alcance limitado. As coisas mudam e as convicções pastorais também. Como o grupo pode confiar em um pastor com 10 anos de ordenação? As coisas mudam. Ah, e como mudam! O senhor sabe. Ai um assunto bom: reordenação. Podemos “conversar” sobre a temática em outra ocasião.
6. Para mim toda autoridade eclesiástica fora da esfera da Igreja local é uma “cabeça artificial”.
Abração do seu aluno!!!
Saudades de suas aulas.
Quando o senhor percebeu que tinha vocaçâo pra ser pastor? no amor de cristo; Clemilson da igreja biblica de coqueiros
ResponderExcluirIrmão,
ResponderExcluirExcelente texto! Bastante esclarecedor.
Só uma correção "jurídica": onde o sr. escreveu "jurisprudência", deveria ser "jurisdição". São duas coisas bem diferentes.
Em Cristo, nosso comum Salvador,
Vinícius
Prezado Vinicius,
ResponderExcluirMuito obrigado por sua correção.
A porta estará sempre aberta para suas observações.
A correção já foi feita.
Abração!