A estrada asfaltada já havia
findado há um bom tempo. A vegetação densa abraçava o carro em uma antiga
estrada de terra. Vez por outra podia se ver testemunhos de uma civilização
antiga e inexistente: vagões e estações de trem tomadas pela ferrugem; fontes vestidas
de ramagem, cercas incompletas, casas com janelas tombadas...
– Que cenário macabro! Disse Blogueiro com cenho enrugado.
– Você ainda não viu nada. Disse o Motorista.
Duas horas depois, os passageiros perceberam
estar adentrando no que um dia havia sido a rua principal de uma antiga cidade.
Casas coloniais tomadas pela vegetação; janelas levadas pelo vento assoviavam
denunciando a ferrugem e o abandono; as calçadas rachadas revelavam que há
muito tempo tinham perdido a luta para a erva-daninha e as carcaças de animais
davam suas boas-vindas com sorrisos bizarros.
– Acho que há mais vida em um cemitério do que aqui.
Sussurrou de canto Comunhão Virtual.
– Pensar que pessoas viviam aqui aperta meu coração.
Completou o Pastor Melquisedeque.
O Pastor
Incompetência exclamou baixinho como se falasse consigo mesmo:
– Esse lugar não me é completamente estranho!
– Como assim? Você já esteve aqui Incompetência? Perguntou Instituição Paraeclesiástica.
– Deve ser o impacto da desolação. Só isso. Além
disso, estamos cansados e famintos. Explicou indiferente a jovem Igreja Ex Nihilo.
O carro finalmente parou. Instintivamente
todos dirigiram seus olhares para o mesmo lugar. Sem que fossem convidados,
todos se dirigiram à frente do que havia restado de uma suntuosa construção. O
reboco era escasso, boa parte do teto já não existia, somente metade da grande
porta ogivada ainda estava de pé. O que sobrou de uma inscrição recepcionou os
visitantes tardios: “EU SOU…”.
Dentro
das ruínas suas mentes eram uma interrogação só. Tudo era estranho: os móveis,
as inscrições e a própria configuração do prédio não faziam qualquer sentido
para alguns.
Blogueiro adiantou o passo em relação aos
demais se dirigindo à parede a sua frente rumo a uma grande cruz. Porém, antes
de chegar à cruz, ajoelhou-se diante do que parecia ser uma grande caixa de
madeira diante da cruz (agora tombada). Passou a mão a fim de retirar a poeira
e poder comtemplar melhor seus vários entalhes. No centro da grande caixa, um
livro aberto em alto relevo. Tudo em madeira maciça. Espalmou os entalhes com
admiração. Perguntava a si mesmo: “o que será esse estranho móvel?”. “Por sua
posição de proeminência, junto com a cruz, ele parece sintetizar e explicar a
existência de todo esse prédio”, “tudo gira em torno dele e da cruz”.
– Púlpito! Gritou o Motorista que contemplava a todos enquanto permanecia escorado na
porta de entrada. – É o nome dado pelos antigos moradores desse lugar.
– Sinceramente, não ajudou muito. Retrucou Blogueiro.
– Trata-se de um lugar muito especial. Observe! Ele
pode ser visto de todos os lugares. Não duvidaria que muitos arqueólogos apressados
concluiriam que estamos em um templo dedicado ao “deus Púlpito”. O Motorista falava enquanto caminhava
lentamente em direção a Blogueiro. Há
um passo de distância tomou Blogueiro
pelos ombros e o direcionou para trás do estranho móvel. E continuou:
– Daqui, os antigos profetas anunciavam todo o
conselho do Senhor. Enquanto o Motorista
falava, os demais já se encontravam sentados nos bancos empoeirados.
– Observe Blogueiro.
Daqui o pregador poderia olhar nos olhos das suas ovelhas e as ovelhas poderiam
olhar nos seus olhos. O móvel, entre o pregador e o povo, nos lembra de que
essa relação era mediada. A Palavra, sustentada pelo móvel, era o elo.
– Isso é assustador. Não gostaria de ter pessoas
conhecidas me observando. É muito estranho ter pessoas que sabem quem realmente
sou olhando nos meus olhos. Pior, várias pessoas ao mesmo tempo. Sinceramente,
acho que não falaria metade do que já escrevi. Prefiro a indiferença da webcam e a falta de cobrança e
policiamento pessoal do blog e do face.
– Sim, realmente é assustador. Mas também é abençoador.
Quem vive como você (atrás de uma webcam e não diante das pessoas) não sabe o
que é estar diante de um povo que o reconhece como líder exatamente pelo fato
de o conhecer.
– Então, você não me considera um mestre, um líder? É
isso mesmo?
– Você deveria reconhecer, pelo menos, ser no mínimo estranho,
ter um mestre fora da Igreja Local falando para a Igreja Local, não acha?
– O senhor nunca esteve na Web?
– Claro. Porém, a grande rede não deveria ser um fim
em si mesma caro Blogueiro. Com o
tempo, contudo, a turma passou a achar que a comunidade local já não era tão
importante. Pensaram que poderiam atingir mais pessoas pela grande rede.
Olharam tanto para a Igreja Universal que se esqueceram da Igreja Local.
Deu-se
uma longa pausa. E o Motorista retomou
a palavra em tom de lamento:
– Você disse “não” para a Igreja Local.
Tentando desconversar, Comunhão Virtual perguntou:
– Por que alguém iria querer bancos tão grandes? Aqui
devem caber umas dez pessoas. O que tanta gente faria junta em um mesmo lugar
ao mesmo tempo?
– Visão corporativa. Respondeu o Motorista. E continuou:
– As pessoas que se encontravam aqui entendiam que precisavam
estar juntas. Suas programações, agendas e prioridades não eram forjadas pela
individualidade. Eles entendiam que as bênçãos do Senhor passam pela comunidade
reunida e vivida. Quando o Senhor Jesus ensinou seus discípulos a orar, começou
assim: “Pai NOSSO”. Oração, mesmo que no recôndito do quarto, não pode ignorar o
fato de que ela é feita por um membro de uma grande família. O pai é NOSSO. Essa
verdade estava clara para o povo que se reunia aqui.
Durante todo o tempo a jovem Igreja Ex Nihilo foleava uma Bíblia
esquecida em um banco. E exclamou:
– Vocês já ouviram falar de um livro chamado “Atos”? Pelo
que entendi, ele assegura que as igrejas não surgem do nada. Interessante,
porque, segundo esse livro, Igreja é um fenômeno histórico. Se invertermos a
sequencia histórica acabaremos em Jerusalém – o começo de tudo. Que loucura!
Sempre achei que tinha vindo do nada.
O motorista interrompeu:
– Na verdade jovem, nenhuma Igreja vem do nada. O que
tem acontecido é uma anomalia chamada “Melquisedequismo”. Isso acontece com pessoas
que acham que podem começar uma igreja a partir delas mesmas. O problema é que
elas, como nenhum ser criado, não surgem no vácuo.
– Por acaso está falando de mim? Retrucou Pastor Melquisedeque.
– Também! Normalmente as igrejas geram seus pastores,
diáconos, missionários bem como outras igrejas. Porém, no seu caso, Igreja Ex Nihilo, foi um pastor que te
gerou. É chamado de “Melquisedequismo” porque esses pastores não tem “princípio
de dias”. Ou seja, não tem relação histórica ou comunitária com outros.
– Como assim? Gritou Pastor Melquisedeque. Não vim do nada! Saiba que fui ordenado! Uma
igreja um dia me aceitou como pastor!
– Sei disso. O Motorista
respirou fundo e disparou:
– Mas onde estava seu respeito por essa mesma igreja
quando resolveu, sem levar em consideração o que a comunhão dos santos tinha a
dizer, criar sua própria igreja? Aonde foi parar seu espírito comunitário? Quanto
à sua ordenação, a pergunta aqui é: “Quem disse que um grupo de pastores tem
autoridade para dizer se alguém é ou não pastor?” Vou ser direto: Não há outra instituição no mundo que esteja
sobre a igreja local. Em outras
palavras, não há instituição que comande a Igreja Local. O aval da Igreja Local deveria ter grande valor
para o povo de Deus. Observe, por exemplo, que todas as cartas do NT foram
enviadas, ou primariamente ou finalmente às igrejas. Até mesmo as
conhecidas “pastorais”. Quanto à sua ordenação, a autoridade pastoral decorre
do aval da Igreja Local. Os pastores
deveriam ser escolhidos pela Igreja Local
(At. 14.23). O mesmo deveria acontecer com os diáconos. Isso é simples de
entender. As qualificações dos oficiais exigem observação cotidiana ou vida
comum. Você não sabe, mas no dia em que foi ordenado pela segunda vez eu estava
lá e vi somente uma mão sobre sua cabeça – a sua própria. Fique sabendo que
quando resolveu sair de sua igreja, sua ordenação ficou lá. Quando resolveu
criar uma igreja ao redor do seu umbigo, você disse um “não” à Igreja Local.
– Se essa tal Igreja
Local é quem eu estou pensando, o senhor há de convir que ela complica e entrava
muito as coisas. Aliás, ela também é política demais. Disse Comunhão Virtual.
– Se você é grande e forte hoje, fique sabendo que
muito da sua dieta foi à base de uma proteína chamada “desprezo à estrutura
eclesiástica”. Eis um ponto chave para entender o fenômeno dos mestres e
igrejas virtuais: Ministérios virtuais são menos “burocráticos”. É fácil ser mestre
virtual. Na comunhão virtual não há
espaço para disciplina (Mt. 18; 1Co. 5), obediência e subordinação aos
pastores-guias (Hb. 13.17) e muito menos prestação de contas e compromisso. Os
mestres das igrejas virtuais, por exemplo, não precisam se identificar com um
grupo local, nem ser reconhecidos oficialmente por ele. Basta postar. Na igreja virtual você é quem quer ser. A “igreja virtual” é na verdade a
“Igreja da mãe Joana”. Cabe tudo nela. Além disso, o que você chama de
complicação, chamo de processo necessário. O que você chama de política, chamo
de sabedoria no lidar com os outros.
– Só falta o senhor falar que auditoria é bíblica?
– Bem, não queria entrar nesse mérito, mas já que
tocou no assunto, vamos lá! Em 2 Coríntios 8 Tito recebe as ofertas em Corinto,
mas observe, ele vem com recomendação. Nos versos 18-19 Paulo usa a primeira
pessoa do plural para mostrar que ele não tinha sido enviado somente por
Paulo. Paulo faz questão de declarar que Tito era reconhecido pelas igrejas e passou por eleição. Essa eleição tinha
claramente um caráter de auditoria.
Observe os versos 20-21: “evitando, assim, que
alguém nos acuse em face desta generosa dádiva administrada por nós; pois o que
nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também
diante dos homens”. Burocrático? Político? Diria prudente; diria
respeitoso; diria comunitário.
– O clima está pesado! Acho melhor pararmos. Disse em
tom conciliador o Senhor Mega Igreja.
Logo que findou sua fala, sem qualquer prelúdio, a chuva chegou forte. Todos se
deslocaram para o único lugar que ainda permanecia parte do telhado. Durante
muito tempo só se ouvia o som das gotas nos bancos.
A chuva lavava o prédio em ruínas
revelando a beleza ainda existente de alguns vitrôs, quadros, parte do piso e
as colunas. A despeito de não ser mais o mesmo o lugar, a antiga edificação
ainda falava muito. O prédio conseguia sintetizar reverência e aconchego; conforto
e respeito.
O Senhor Mega Igreja encontrou, no que parecia ser um quadro de avisos,
uma lista de nomes sob o título “excomunhão”. Depois de um tempo para a digestão
das duras e estranhas informações, gritou:
– Conheço essas pessoas! Elas são da minha igreja.
O Motorista olhando
nos olhos do Senhor Mega Igreja em
tom ameno disse:
– Lembro-me do seu começo. Não havia uma sentença
sequer em todo seu discurso que o verbo “crescer” e seus cognatos não estivessem
presentes e em destaque. Tudo era avaliado pela régua do crescimento. Culto bom
era culto cheio. Nos cultos, bancos vazios chamavam mais a sua atenção do que
as palavras edificantes dos hinos.
Motorista meneou a cabeça enquanto olhava
para cima. Respirou fundo. E em lamento continuou:
– Conheço pessoas como o senhor de longe. São tão
óbvias. Em obediência ao “deus crescimento” começam a questionar e a evitar a
disciplina bem como o conceito bíblico de membresia. A igreja cresce, mas como
nunca estão satisfeitos, o próximo passo é diluir o discurso e fadigar suas
mentes com estratégias que só revelam a descrença no poder do Evangelho puro e
simples. Tenho certeza de que se fizesse uma tomografia em sua cabeça só
veríamos números.
O Senhor Mega Igreja tentou interromper:
– Mas...
– Ainda não terminei. E em tom irônico o Motorista continuou:
– Suas programações bem boladas e o bom serviço
oferecido por sua igreja chamaram a atenção dos muitos consumidores que habituam
transitar entre as igrejas. Foi aí que começou a receber pessoas de outras
igrejas, desrespeitando e ignorando a decisão da Igreja Local.
Motorista respirou fundo, com olhos
semicerrados e rangendo os dentes e em tom estoico, disse:
– O senhor recebeu pessoas que tinham sido entregues
a Satanás por uma comunidade de santos. Quando fez isso, disse não para a Igreja Local.
Voltando
ao espírito irônico disse:
– Ah, mais duas palavrinhas para o senhor. Primeira:
essas pessoas citadas na lista não são da sua igreja. O senhor confundiu os
nomes. Ora, o que poderíamos esperar do senhor, não é mesmo? Não é muito bom
com nomes. Segunda: nos próximos meses sua igreja terá mais de quinhentos
acentos vazios. É isso mesmo. O senhor será chamado de Senhor Igrejinha. A
explicação para tamanho êxodo é simples: seus “consumidores” encontrarão
melhores serviços para o exercício da religiosidade vazia deles.
– Quero ir embora! Disse firme Denominacionalismo. Não
tenho razão nenhuma de estar aqui. Toda essa conversa é contraproducente e
cheia de imbecilidades.
Em um tom mais forte o Motorista retrucou:
– Fique sabendo que tenho uma palavra para o senhor também.
– Fique sabendo que não tenho que ouvir o senhor.
– É verdade, esqueci que o senhor só escuta os
membros da sua denominação.
– Não é bem assim. Mas reconheço minha liberdade.
– Liberdade? Não é o senhor que vive subscrevendo decisões
que somente a Igreja Local pode
tomar? Quantas vezes o senhor e a senhora Instituição
Paraeclesiástica invadiram a liberdade da Igreja Local tomando decisões que cabiam somente a ela? É estranho
o senhor vir com essa história de “liberdade”, não acha?
– Realmente não me conhece. Em nosso grupo apenas
sugerimos, nunca exigimos.
Motorista abriu um sorriso numa gargalhada
condenatória.
– Sugestão? Sugestão? O senhor é mesmo uma grande
piada. Ai dos que não seguem as suas “SUGESTÕES”. Conheci muitos deles. Aliás,
eles moram em um bairro aqui perto chamado Ostracismo, também conhecido como Leprosário.
– Não me venha dizer que eu disse “não” para a tal da
Igreja Local também!? Desconversou Denominacionalismo com um sorriso
irônico.
– Não é o senhor quem usa seus distintivos denominacionais
como “fundamento” para se relacionar com os outros? Não é o senhor que só se
junta com quem batiza ou é batizado do seu jeito, toca as mesmas músicas, veste-se
da mesma forma e tem o mesmo nome?
– Tudo que faço é visando o meu grupo. As coisas não
podem ser do nosso jeito sempre. Estar em um grupo envolve sacrifício. Sim, é
verdade que meu grupo diz “não” para outras igrejas, mas no que isso afeta a
Igreja de Jesus Cristo ou a mensagem do Evangelho?
Com um sorriso carregado de
sátira, Motorista respondeu:
– Que virtuosa a sua preocupação com o Evangelho, com
a catolicidade da Igreja de Jesus Cristo; sem falar no seu espírito sacrificial.
Saindo
da sátira, Motorista foi duro e firme:
– Quem não te conhece que te compre. Seu discurso
parece ser lindo, mas a inhaca da sua covardia travestida de prudência pode-se
sentir de longe. Os benefícios que o grupo traz a VOCÊ, repito, a VOCÊ... te
cegaram. Hoje, questionar o grupo não faz o menor sentido para VOCÊ – seria
como atirar no próprio pé. Conheci muitos como o senhor na Alemanha nazista.
Comodismo é o nome do deus que você adora; zona do conforto é o nome da sua
filosofia de vida.
Extremamente
irritado, o senhor Denominacionalismo
deu as costas para o Motorista rumo à
porta de central. Com ironia, o Motorista
continuou:
– Como sempre se separando.
– Separação é bíblica. Retrucou ainda rumo à porta
central.
– Separar-se de pessoas que pregam o Evangelho
genuíno? O problema é para quem o senhor está dizendo “não”. Está dizendo “não”
para irmãos que fazem parte da Igreja de Cristo. Seu maior problema não é
quando diz “sim” para a comunhão com alguém, mas quando diz “não” à comunhão e à
cooperação com outros. O senhor se separa de quem a Bíblia nos comanda se
ajuntar. Sim, o senhor disse um grande “não” para a Igreja Local.
A
discussão foi quebrada por um grito:
– Lembrei! Bradou o Pastor Incompetência.
– Finalmente lembrou! Disse o Motorista.
– Não lembra Denominacionalismo?
Gritou Pastor Incompetência no que Denominacionalismo parou diante da porta
central. Não lembra que nosso grupo me colocou aqui? Eu fui pastor aqui nesse
lugar.
Denominacionalismo voltou olhar para o interior do
prédio pensativo. Motorista cheio de
ironia gritou na outra extremidade do prédio:
– Mais um “não” para a Igreja Local senhor Denominacionalismo?!
O senhor parece não ter jeito mesmo.
– Não! O senhor é que não tem jeito. Como pode me
acusar de dizer não para essa tal de Igreja
Local? Como disse “não” indicando um pastor?
– Ora meu caro. O Pastor
Incompetência está no seu grupo pela mesma razão que o senhor – ambos são
filhos da senhora Conveniência.
Acompanhe meu raciocínio: nos últimos dez anos ele mudou de igreja mais de
cinco vezes. Pessoas inconstantes e incompetentes como ele precisam de um grupo
que lhe dê o respaldo que ele mesmo não tem, nem pode ter. Agora, eu te pergunto:
“Por que dar respaldo a um cara que não tem a mínima condição de pastorear?”
Não precisa responder; já sei a resposta: é o grupo, não é? Por onde passa, esse
homem vai ferindo a Igreja Local. O
fato é que em suas indicações, a Igreja
Local nunca foi sequer considerada em seu coração. Todas foram baseadas em puro
corporativismo. “Um favor exige outro” é uma das suas filosofias. A coisa
funciona mais ou mesmo assim: Quem tem o poder de indicar ganha moral com o
indicado, que por sua vez, precisa da indicação por ser incompetente. O senhor,
por sua vez, torna-se cada vez mais influente a cada indicação enquanto
alimenta a incompetência. O fato é que o senhor gerencia uma grande rede de
interesses próprios onde o Evangelho só consegue fazer figuração. O fato é que
em nome do “amor ao grupo” (na verdade amor a si mesmo) você diz “não” para a Igreja Local.
– Afinal de contas, quem é o senhor? Qual seu nome? Por
que estamos aqui? Disse Pastor
Incompetência.
– Revelação é
meu nome. Vocês estão aqui para saber que cada um tem participação na morte
dessa igreja local. Desrespeitando suas decisões, ignorando a vida em comunidade,
limitando e ignorando sua liberdade e rejeitando-a como membro do corpo de Cristo,
vocês a mataram.
As palavras de Revelação emudeceram e paralisaram a
todos. Mesmo vendo Revelação tomar o
carro e sair, ninguém reagiu. Já há certa distância, Revelação ouviu alguém gritar:
– Mas afinal, por que a cidade acabou?
Revelação brecou o carro bruscamente, voltou
seu rosto para todos que estavam diante das ruínas e disse:
– O sal acabou!
Retomando
o caminho pode-se ver em meio à poeira produzida pela arrancada a inscrição
atrás do carro: Eu creio…a Igreja
Católica, a comunhão dos santos…
Show!! Pastor que massa! Esse texto relata com muita precisão a realidade do contexto da Igreja local. Os ataques, embora travestidos de verdades e boas intenções, como se tudo fosse pensando no Reino e tudo mais! Espero que o livro do senhor esteja próximo de sair rsrsr...
ResponderExcluirDeus o Abençoe!
Elivando Mesquita.
Diz homem! Valeu pelas palavras e pelo apoio no facebook. Quanto ao livro, quem sabe um dia! Abração! Agora pode voltar para estudar grego, não quero atrapalhar seus estudos. RSRSRS......
ExcluirExcelente texto. Muito perspicaz, um tiro certeiro nas diversas facetas defeituosas da igrejas do nosso tempo. Acho que o olhar clínico e pastoral explícito nesse texto, fez-nos refletir em muita coisa. Porem o que tornou isso algo único aqui, foi o fato desse texto: analisar, identificar e corrigir as doenças religiosas do meio fundamentalista, do evangelho pragmático e da síndrome do "ministério web" que tem seduzido tantos jovens em nosso tempo. O sarcasmo de repreensão tornou o assunto mais envolvente; a própria alegoria em que foi expressada essa trama trouxe mais fixação e expectativa pelo o fim da estória; o final veio como um clímax de algo inesperável. Muito bom mesmo!
ResponderExcluirPastor o Sr. me fez lembrar de C.S.Lewis na forma de escrever, que Deus continue Abençoando.
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